De aparência curiosa, as chamadas lufas ou buchas são apreciadas por muitos por serem multifuncionais. Embora tenhamos diferentes tipos de lufas, orgulhamo-nos particularmente de uma delas, pelo facto de ser portuguesa. Jessica Francisco revela de onde vem a nossa lufa.
De onde vem a nossa lufa?
Quem diria que um simples hábito de troca de alimentos entre vizinhos (da aldeia de Monte Bois - Alcobaça), somado às restrições impostas pela pandemia resultaria no início de um negócio familiar. Esses foram os primeiros ingredientes que impulsionaram o nascimento da Luffas FT. “Assim como todos, fomos apanhados de surpresa na pandemia. Ficámos todos confinados, mas mantivemos o hábito de trocar verduras, frutas e legumes com os vizinhos. Foi quando em março de 2020, recebemos uma lufa de presente. Não fazíamos ideia do que se tratava (risos)”, conta Jéssica.
O presente veio das mãos de um vizinho que explicou também que daquele tipo de planta trepadeira, da família do pepino, melancia, abóbora e outros, nascem frutos úteis para a higiene pessoal e doméstica.
A família, que já cultivava alguns alimentos, inspirou-se em experimentar plantar o novo vegetal. “Como não conhecíamos a planta, fomos pesquisar sobre o tipo de clima e, ao descobrirmos que se desenvolviam em clima tropical (quente e húmido), chegamos a pensar que não resultaria na nossa terra”, relembra ela.
Não apenas deu certo a experiência, como as primeiras 600 sementes plantadas renderam cerca de 3 mil luffas.
Imagem: Sr Vitor Francisco
Do plantio à colheita
A empresa familiar celebra a segunda safra da luffa e explica-nos o passo a passo do plantio (primavera) à colheita (outono), tudo de forma artesanal.
1 - Plantio das sementes em cuvetes para germinar.
2- Quando a planta atinge cerca de 5 a 10 cm de comprimento, é colocada na terra.
3 - Com ajuda de uma estrutura “guia”, a planta trepadeira desenvolve-se.
4 - Quando estão maduras suficientes, e isso percebe-se ao apalpá-las, são colhidos os frutos que se parecem com uma courgette. Geralmente, o seu tamanho varia entre 20 a 70 cm de comprimento.
5- As lufas colhidas vão para uma instalação onde são retiradas as cascas, manualmente.
6- Embora descascadas e com a forma que conhecemos, as luffas ainda não estão prontas. Nesse estágio, precisam ficar num tanque com água, submersas por cerca de 6 horas, para garantir que as sementes e as mucosas se desprendam.
7- Para finalizar o processo, as lufas são estendidas, lado a lado, para secarem ao sol.
Imagem: Luffas FT
O processo completo é relativamente rápido, desde a colheita até a preparação para a distribuição do produto são necessários cerca de 4 dias.
“Não há máquinas a trabalhar por nós, fazemos todo o processo com as nossas próprias mãos”, explica Jéssica.
Artesanalmente, toda a cadeia produtiva está sob os cuidados da família: no campo, está o senhor Vitor Francisco (pai da Jéssica), na gestão e no campo, o João Costa (sócio e primo) e na gestão e comunicação, a Jéssica.
A parceria entre a Luffa FT e a Maria Granel deu-se no ano passado, durante a primeira colheita. “Assim que as primeiras luffas nasceram queríamos apresentar às lojas especializadas e comprometidas com a saúde do meio ambiente. Foi assim que contatamos a Maria Granel e fomos rapidamente acolhidos”, diz Jéssica.
Imagem: Luffas FT
Como utilizar as luffas no dia a dia?
Se há um peoduto multiusos que adoramos é a luffa, da limpeza da casa, passando pela louça e até para o banho, elas são eficientes e garantem uma limpeza profunda e, no caso da utilização na pele, uma massagem esfoliante.
Vale mesmo a pena conhecer!
Uma educadora com o sonho de educar
Outra curiosidade contada pela Jéssica foi sobre o seu percurso profissional. Formada em educação básica para ser professora do primeiro ciclo, nunca chegou a exercer a função, embora tenha o gosto por ensinar. Cresceu florista, como a mãe, mas sente que muito em breve terá a oportunidade de sensibilizar as pessoas através da produção das lufas. “Já recebemos alguns parceiros na nossa quinta e sentimos que é um caminho que queremos seguir. Sonhamos, num futuro próximo (talvez já para o ano), apresentar o nosso projeto para escolas e todos aqueles que tenham interesse”, revela ela.
O nosso muito obrigada, Jéssica, por nos ceder o tempo para essa conversa tão inspiradora!
Se já conheces a lufa, conta-nos sobre a tua experiência!