Se és apaixonado pela arte de fazer pão ou se gostas de colocar as "mãos na massa", muito provavelmente já conheces as Farinhas Paulino Horta, uma empresa familiar que se orgulha das sucessivas gerações de moleiros da sua história. Foi graças à nossa Patrícia e ao seu companheiro, o Gonçalo, pasteleiro, que o encontro entre a Maria Granel e a Farinhas Paulino Horta se tornou possível, após uma visita do casal às instalações, em Alenquer.
Tendo como ingredientes da “massa mãe” o amor e a dedicação, convidámos o produtor Paulo Paulino Horta, para nos contar tudo sobre esta tradição familiar.
De onde vêm as farinhas?
“Da terra do vento” para todo o país e parte da Espanha. Não foi por acaso que durante séculos se instalaram muitos moinhos de vento na região de Alenquer. O da família Paulino Horta resiste ao tempo por, pelo menos, quatro gerações e, embora tenha diminuído a sua atividade, é no moinho que estão guardadas as memórias dos antepassados moleiros. “O meu pai era moleiro, o meu avô era moleiro e o meu bisavô também. Os moleiros eram considerados heróis, aventureiros, alguém de espírito livre que tinha como objetivo deixar as pessoas felizes”, explica orgulhoso Paulo.
Imagem: Arquivo Paulino Horta
O entusiasmo, a paixão e o orgulho que a família sente pelo ofício de moleiro é tão grande, que transborda para e durante toda a nossa conversa. "Moleiro não é uma profissão e sim um estilo de vida. A missão, assim como o meu pai nos ensinou, era unir as pessoas que tinham os grãos com aquelas que precisavam de pão, sempre com muita energia e alegria”, conta ele. Assim, fica fácil de compreender que família comparar o ciclo do pão ao ciclo da vida!
Uma vez que os irmãos Paulo e Artur Paulino Horta, que estão à frente do negócio, cresceram com as farinhas produzidas pelos moleiros, não foi difícil sentirem a diferença quando consumiam as farinhas comerciais. Foi assim que há 20 anos os irmãos resolveram dar sequência à tradição, honrando os saberes dos moleiros. “As nossas farinhas são especiais por dois motivos: Elas contam a história dos nossos heróis e toda a paixão que colocavam no processo de produção e, ao contrário de toda a mecanização, cuidamos e aproveitamos quase que integralmente o cereal”, explica.
Imagem: Arquivo pessoal - Paulino Horta
Por dentro da produção
Atualmente a empresa produz cerca de 500 toneladas de farinhas por mês. Parte dos cereais utilizados é produzida pela própria empresa e outros, como é o caso da linha biológica, vêm de agricultores locais parceiros. “Fazemos questão de comprarmos de agricultores que estejam próximos de nós. Inclusive, incentivamos novos agricultores, fornecendo-lhes sementes. Acaba por ser uma forma de estimular o mercado local e também garantirmos a qualidade do produto final. É o espírito dos moleiros a manter a roda a girar!”.
No vídeo abaixo é possível fazermos uma pequena visita pela fábrica.
Um pouco de história
Entrevistar o Paulo é como se estivéssemos numa aula de história. São precisos poucos minutos até viajarmos com ele aos tempos em que os mouros foram expulsos de Lisboa e, em busca de novas terras, migraram para as regiões com melhores condições para o cultivo de cereais. “A zona oeste do país foi uma delas, foi aqui em Alenquer que os mouros puderam cultivar e alimentar a sua população. Crescemos a aprender que o sucesso de uma civilização está na sua capacidade de produzir cereais”, explica ele.
Fala-nos depois da industrialização: “Só para contextualizar, o nosso moinho é do início dos anos 1800. Quando o mundo começa a industrializar-se, por volta dos anos 1890, 1900, há uma forte substituição dos moinhos por máquinas modernas. Se, por um lado, a mecanização acelerou e aumentou a produção das farinhas, por outro, acabou por abandonar o “saber-fazer tradicional”.
Além do aspecto ancestral da produção, o diferencial das Farinhas Paulino Horta está no aproveitamento dos grãos. Por exemplo, numa das farinhas, aproveita-se a parte nobre e nutritiva do grão, que é o gérmen de trigo, o “embrião” de onde uma nova planta brotará. “Por mantermos técnicas mais antigas, o processo de produção é mais lento, sim, mas consequentemente asseguramos uma maior qualidade dos nossos produtos. Costumo dizer que somos os guardiões desta tradição e queremos levar farinhas “vivas” às pessoas, assim como os moleiros faziam”, diz Paulo.
Imagens: Paulo Paulino Horta - Arquivo pessoal
Farinhas Paulino Horta disponíveis na Maria Granel
Neste momento, temos 7 tipos de farinhas Paulino Horta nas nossas lojas físicas e online. Chegam até nós em pacotes de 1kg feitos de papel e costurados.
- Farinha de trigo 150
- Farinha de trigo 65
- Farinha de trigo semi
- Farinha de Milho Amarelo
- Farinha de Trigo Duro
- Sêmola de Trigo
- Farinha de Espelta Integral.
Pães produzidos com as farinhas Paulino Horta - Imagens: Patrícia Mil-Homens
Assim como conquistaram os nossos corações, desejamos que conquistem o teu também!
Até já!