Estivemos meses a preparar esta surpresa! Primeiro, em junho, chegou à nossa loja de Alvalade um novo armário (na verdade, é um aproveitamento do velho carrinho do mel), cresceu em altura, ganhou prateleiras e a loja passou a ter uma nova secção, dedicada à beleza bio e a granel.  E agora (hoje mesmo!) esta novidade fresquinha (e muito aromática!) chegou também à nossa loja de Campo de Ourique, ao piso da Zero Waste Concept Store: champô sólido, sabonete e óleos corporais a granel, óleos essenciais, dentífrico e elixir oral, e até um perfume maravilhoso desenvolvido em exclusivo para a marca pela Joana Monteiro Limão  – tudo “plastic free”, biológico e feito em Portugal pela Unii Bio (marca própria da Organii Bio) com amor.

Champô sólido


Pasta dentífrica e elixir oral em frasco de vidro e tampa de alumínio.

Queríamos lançar uma nova área e permitir aos nossos queridos fregueses terem acesso a produtos de beleza nacionais, biológicos e certificados. Para nós, desde o início, a parceria só poderia ser com esta marca cujos valores estão totalmente alinhados com os nossos e cujo trabalho admiramos muito (ainda antes de abrirmos a nossa loja): a Organii Bio, a primeira empresa portuguesa dedicada à cosmética biológica, fundada em 2009 pelas irmãs Cátia e Rita Curica.
 

As irmãs fundadoras das Organii Bio, Cátia e Rita Curica, na loja da LX Factory.

 
Temos acompanhado o trabalho notável desenvolvido pela equipa Organii, desde a abertura das várias lojas em diferentes pontos da capital (incluindo um SPA e uma Concept Store) e no Porto, à iniciativa do Organii Ecomarket, que é um dos eventos mais marcantes de sustentabilidade no país e que tem conseguido juntar vários projetos-irmãos em torno deste conceito, sensibilizando o público para a necessidade de adotar uma vida mais consciente e um consumo mais responsável. São uma marca pioneira e têm contribuído de forma muito ativa para educar e mudar a perspetiva dos consumidores em relação ao biológico, informando e sobretudo criando novos produtos de elevada qualidade.
 
  

O SPA Organii Bio


A Organii Concept Store, que reúne várias marcas eco

 
E, por isso, neste dia em que anunciámos a nossa colaboração (e não imaginam como estamos orgulhosos!), aproveitamos para partilhar uma entrevista com uma das fundadoras da Organii, a Cátia, em que quisemos saber mais sobre a história e o percurso da marca. E fomos mais longe, não resistimos a vasculhar também a sua despensa! 😉
 
Pergunta inevitável: como nasceu a Organii Bio?
R: Nasceu de uma necessidade muito própria nossa, como fazíamos alergias de pele desde bebés, estávamos sempre a mudar e a procurar cosméticos a que fôssemos mais tolerantes. E quando fomos encontrando cosméticos biológicos noutros países e verificámos que não fazíamos alergia a nenhum, pensámos, “afinal o nosso problema eram os químicos e os produtos sintéticos; será que não existem muito mais pessoas como nós?”. E, a partir daí, surgiu toda a ideia do projeto.
 


 
A Organii acabou de comemorar mais um aniversário (muitos parabéns!). Que momento apontarias como tendo sido o melhor, o mais feliz, da vossa história?
R: Um só? Acho que não consigo… É que existem muitos e bons momentos. O dia da abertura da primeira loja, o dia do nosso 7.º aniversário, passado na Quinta da Pedra Branca e em que tantos clientes e amigos se juntaram, o primeiro Ecomarket que fizemos,…
 
Como marca pioneira nesta área em Portugal, quais as principais mudanças que têm notado no mercado e nos hábitos de consumo?
R: Muitas mudanças, sem dúvida. Notamos que hoje em dia o público sabe que quer algo mais natural, mais biológico. Tem noção de que a comida tal como os cosméticos estão cheios de químicos e de produtos sintéticos que só fazem mal. Procuram cosméticos melhores para o ambiente e que não façam mal a animais. É um público mais interessado e muito mais informado. Mas que ainda tem muitas dúvidas,  também porque a própria legislação não ajuda o consumidor a entender e ler rótulos não é fácil…
 
Para quem não sabe, quais as vantagens de consumir produtos de beleza bio?
R: Os produtos de beleza bio são aqueles que são verdadeiramente naturais, por isso, são produtos que a pele pode mesmo entender e a longo prazo tratam da pele de forma verdadeira, profunda, e não apenas de forma superficial. Trazem benefícios para a saúde e para a própria pele e cabelo, que ficam muito mais nutridos e hidratados.  Depois, no nosso caso concreto, têm os benefícios para o ambiente, porque as embalagens são muito mais ecológicas, as formas de produção usam energias renováveis, as limpezas das fábricas usam produtos ecológicos e, claro, não fazem testes em animais!
 
Qual a diferença entre natural e bio?
R: Um produto bio é aquele que é mesmo natural, porque, por lei, para ser natural, basta ter um extrato do mundo natural e tudo o resto ser sintético e conter derivados do petróleo, silicones e conservantes. Um produto bio é aquele cujos ingredientes vieram mesmo da natureza, vegetais, minerais, água e são provenientes de agricultura bio ou selvagens. Não podem conter derivados do petróleo, produtos sintéticos, alumínios, ftalatos, parabenos, entre outros.
 
A Organii tem contribuído com a realização do Eco Market para unir as marcas em torno da missão de sustentabilidade. Que novidades estão a preparar para este ano. Já podes revelar alguma? 🙂
R: Vamos mudar de local, vai ser dia 27 e 28 de outubro no armazém 16 em Marvila, vamos ter uma área exclusiva para bebés e mamãs, vamos fazer 2 dias de palestras e workshops com mercado, como já é habitual, e vamos apostar em ter experiências, para que as pessoas que nos visitam possam sair dali com sensações reais do que é uma vida mais ecológica.
 

Um dos maiores legados Organii: o Eco Market, evento anual que reúne marcas, projetos, pessoas e público em torno de valores e experiências associadas à sustentabilidade.

 
Acabámos de lançar uma nova secção na Maria Granel, dedicada à beleza bio, com a presença da Organii, uma colaboração de que nos orgulhamos imenso. Queres revelar um bocadinho da história desta parceria? 
R: Acho que desde que nos conhecemos que percebemos que faria todo o sentido colaborarmos. Porque nós sentiamo-nos muito sozinhas nestas lutas e o aparecimento da Maria Granel veio contribuir para a criação de uma comunidade eco em Portugal.  Daí fomos falando e estando cada vez mais próximas em iniciativas, ideias, discussões. E fomos partilhando o nosso querido projeto de montarmos aos pouquinhos uma fábrica que produza cosméticos portugueses com um mínimo de recursos e de desperdício. Daí vocês serem o primeiro local a terem os nossos produtos, a granel ou com embalagem de papel reciclado ou papel de pedra (que aproveita os desperdícios da pedra para fazer “papel”). A marca Unii vai ser lançada ainda este ano oficialmente, mas quer a Organii quer a Maria Granel vão começar a ter os produtos à venda já a partir de agosto.
 
A Organii possui várias soluções “zero waste”. Como se posiciona a marca em relação a este estilo de vida e como tem sido a experiência de conceber produtos de raiz de acordo com esta filosofia?
R: Nós na Organii sempre procurámos em tudo ter o menor impacto possível no ambiente, por isso, à medida que mais soluções e caminhos sustentáveis são partilhados, mais criativos vamos sendo, de forma a diminuirmos a nossa pegada ambiental. Para conceber produtos é um “quebra-cabeças” dos grandes, porque, se vier acrescentar desperdício, não queremos fazer. Mas parece que somos os únicos nesta indústria… Isto é, somos tão poucos, que os fornecedores, produtores de embalagens, transportadoras, estão pouco habituados aos nossos pedidos. Por exemplo, se vamos ter champô líquido e vamos precisar de embalagem, queremos uma 100% de plástico reciclado para poder dar uso a tanto plástico que já existe, mas, apesar de existirem muitos protótipos, como é muito mais caro, pedem-nos para pagar testes às embalagens porque  nunca fizeram?! E esta é sempre a nossa busca, melhor para a saúde, melhor para o planeta. Outro exemplo: fizemos champô sólido e, como já temos vários sabonetes, poderíamos fazer sabão para cabelo e já tínhamos oferta para o cabelo, mas, como sabemos que não é o melhor para o escalpe, porque não consegue ter o pH adequado ao cabelo e porque em águas mais duras facilmente ficam resíduos, fomos fazer um champô mesmo, isto é, como se fosse um champô líquido, mas em estado sólido, sem sabão, sem surfactantes, sem nada que agrida o cabelo e o escalpe. Mas demorámos 6 meses a desenvolver o champô. E vem em papel de pedra, para mais uma vez aproveitar o cumprir a legislação com a informação ao consumidor e ser um aproveitamento de desperdícios de pedra que de outra forma não seria aproveitado.
 

O cuidado da marca com o desaproveitamento de desperdício

 
Adorámos o teu workshop na Maria Granel, no Brunch com o grupo Lixo Zero Portugal: “Beleza a partir dos ingredientes da despensa”. Quais os indispensáveis a ter na despensa na hora de fazer produtos de beleza e higiene caseiros?
R: Boas gorduras são para mim imprescindíveis e vinagres não pasteurizados.
 
   

Cátia Curica durante o seu workshop no “brunch zero Waste”, na Maria Granel, em janeiro de 2018, com alguns elementos do grupo Lixo Zero Portugal .

 
O que compras sempre a granel (e bio, claro)?
R: Para mim é impensável não comprar bio, eu já não vou a lojas que vendam dos dois tipos de produtos, apenas bio. E dentro destes espaços compro tudo o que possa a granel. Existem os básicos; frutas, legumes, frutos secos e sementes, flocos de aveia, feijões e lentilhas, especiarias, farinhas, cereais, azeitonas, tâmaras, passas. E os mais difíceis que por vezes opto por embalagens de vidro: azeite, mel, vinagres, manteigas de oleaginosas, kuzu, miso.
 
Para ti, a Maria Granel é…
R: Uma loja de referência e uma “brand lover”, isto é, é muito mais que uma loja onde vamos comprar bons produtos a granel. É um local onde vamos e temos orgulho em ir, tiramos fotos a dizer que estivemos ali, seguimos nas redes sociais, queremos participar na comunidade e ajudar no que seja preciso. É união, é ideais, é aquilo que as marcas hoje deveriam ser, uma inspiração para sermos melhores.
 
Muito obrigada, querida Cátia, por esta conversa e por teres tocado em aspetos que nos parecem essenciais (por exemplo, a importância do consumo de produtos bio; a diferença entre “natural” e “bio”). Aquilo que mais nos marcou foi saber das dificuldades inerentes ao processo de criação e inovação na nova linha e ver como superaram todas essas vicissitudes. Ser pioneiro é mesmo isso: vencer dificuldades e abrir caminhos de forma visionária, acreditar no horizonte, no infinito, quando ninguém mais o vê.