Ao comprarmos uma peça de roupa, levamos para a casa muito mais do que um pedaço de tecido. Vestimos as histórias que estão por trás da produção daquele item. Quem a confeccionou? Será que os envolvidos na cadeia produtiva tinham condições dignas de trabalho? A marca escolhida respeitou os recursos naturais e humanos? A peça viajou muito até chegar às nossas mãos?
Colocar estas questões antes de adquirir qualquer peça é fundamental.
A pegada da indústria têxtil
Desde a extração das matérias-primas, produção das peças, transporte e até ao descarte das roupas, todas as etapas nesta cadeia causam obviamente impacto. Este impacto ambiental sente-se sobretudo ao nível do consumo da água e das emissões de carbono (um dos gases responsáveis pelo efeito estufa).
A produção de algodão, por exemplo, que é a principal matéria-prima da produção têxtil mundial, consome 24% do mercado global de inseticidas e 11% das vendas de pesticidas, segundo um estudo da WWF.
“Se não comemos uma maçã porque está cheia de pesticidas, porque vestimos peças infestadas deles?”, questiona a nossa Eunice no livro “Desafio Zero” .
Como se não fosse suficiente todos os prejuízos causados pela indústria da moda, nós (consumidores) contribuímos ativamente para que esta engrenagem continue a todo vapor. Estamos a comprar 400% mais roupa do que há duas décadas. Segundo a BBC News, atualmente, quase 1,2 bilião de toneladas de emissões de carbono são produzidas pela indústria da moda. Só no Reino Unido, são enviados 11 milhões de itens de vestuário para aterros sanitários todas as semanas.
Perante este cenário assustador impõe-se uma nova tendência que não saia de moda: “usar o que já se tem”!
Deixamos 3 dicas para reduzir a pegada ecológica da roupa
1 – Radiografia ao armário
Assim como nas outras partes da casa, quando pretendemos identificar o que não nos serve mais, o ideal é fazer uma auditoria. Perceber o que temos, o que usamos e adoramos e as peças que estão esquecidas num cabide qualquer. Mais do que “passar um pente fino” no armário, consertar as roupas que não estão em boas condições acaba por “salvá-las” do descarte. Uma moda mais responsável pode, inclusive, evitar que os serviços de costura e sapateiro, por exemplo, sucumbam.
2 – Desodorizante para roupa
Não há necessidade de lavarmos as roupas com tanta frequência. Com a ajuda deste desodorizante, podemos usar mais as peças, antes da lavagem.
Vamos precisar de:
1 frasco com vaporizador;
Vodca – o álcool neutralizará os odores;
Algumas gotas de um óleo essencial.
Basta misturar os ingredientes e aplicar em qualquer tipo de roupa, de preferência ao final do dia, para que possa secar durante a noite.
Nota: O bom e velho truque de estender a roupa ao sol continua a funcionar!
3 – Aluguer e troca de roupas
Se precisarmos de adquirir novas peças, optemos pelas trocas com amigos, lojas especializadas em aluguer e vendas em segunda mão. Por falar nisso, o mês de setembro é marcado por uma campanha global – a Second Hand September, uma iniciativa da Oxfam que alerta para os impactos da indústria têxtil. A campanha incentiva as pessoas a evitarem a compra de roupas novas durante o mês de setembro.
Via canal Oxfarm
Em Portugal, temos também vários eventos que incentivam a troca de roupas, um deles é o Mind the Switch, idealizado por Joana Sternberg, que já fez parte da equipa e história da Maria Granel. A moda aqui é reutilizar as peças e “trocar” experiências.“Buy less. Switch More” é o manifesto.
A 4ª edição do Mind the Switch aconteceu no último sábado (19) em Caxias e foi novamente um sucesso!
A moda na prática
Resgatámos dos nossos arquivos “Plastic Free July” dicas valiosas da querida Cátia, criadora do Lady in Green e que nos ajuda a repensar o consumo e a forma como olhamos para os nossos armários. Não percam também o podcast sobre estilo e moda sustentável “Armário ao Cubo“, que conta com a sua curadoria, juntamente com a Nicole e a Sara.
Vale a pena revermos o seu testemunho!
O mais importante é podermos fazer melhores escolhas – mais responsáveis e mais informadas.
“Comprar o que não precisamos pela metade do preço sai muito caro!” Instituto Akatu.
Fontes: Instituto Akatu, WWF, Oxfam, Lady in Green