A Joana Mendonça é recém-licenciada em Dietética e Nutrição e o mais novo membro da equipa Maria Granel, estando a colaborar connosco, através da Loveat, nos próximos 3 meses. Atualmente a residir em Mafra e com uma grande paixão pela cozinha, em especial vegetariana, e por atividades ao ar livre, acredita que a nutrição é a base para uma vida saudável e que as nossas escolhas alimentares têm influência no meio que nos rodeia. Enquanto nutricionista estagiária, criará conteúdos relacionados com a adoção de uma dieta mais sustentável e, simultaneamente, saudável. Trata-se de um tema com o qual se identifica totalmente e que, na verdade, foi uma das razões que a levou a escolher a nutrição como percurso académico. Para a Joana, estagiar na Maria Granel "apresentou-se como a oportunidade ideal para trabalhar num projeto que concilia a nutrição com a sustentabilidade ambiental." Bem-vinda, querida Joana!
O primeiro artigo da Joana, como não podia deixar de ser, é dedicado à alimentação sustentável, nele partilhando alguns princípios básicos.
Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, uma dieta sustentável e saudável baseia-se numa atividade de baixo impacto ambiental que contribui também para a segurança alimentar e nutricional da população. Ou seja, deve proteger e respeitar a biodiversidade e o ecossistema, otimizando os recursos naturais e humanos.[1]
Na Prática
Para se adotar uma dieta mais sustentável, existem vários pontos-chave que devemos considerar para minimizarmos a nossa pegada ecológica, entre os quais:
- Redução do desperdício alimentar;
- Redução do consumo de alimentos de origem animal, nomeadamente a carne;
- Aumento do consumo de produtos sazonais e locais;
- Produção biológica;
- Redução das embalagens (nomeadamente plásticas de uso único);
- Dietas sustentáveis – dieta mediterrânica, por exemplo.
RX do Sistema Alimentar
O sistema alimentar global atual é responsável pela emissão de 20 a 35% do total de gases com efeito de estufa (GEE), ocupando cerca de 40% do solo disponível. Infelizmente, existem ainda outros componentes nesta equação, entre os quais, o uso excessivo de fertilizantes, que poluem os terrenos e as águas subterrâneas. Todos estes componentes acabam por afetar diretamente a biodiversidade. [1]
Estimando-se que a população mundial seja superior a 9 bilhões em 2050, a produção alimentar terá de aumentar em 60%. Por outro lado, 1.3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, o que corresponde a cerca de 1/3 de toda a produção. [2,3]
Cenário Nacional
Segundo um estudo publicado em 2020, a alimentação é responsável por 29% da pegada ecológica portuguesa. E mais, somos o país mediterrânico com a maior pegada alimentar per capita.[4] De facto:
- Portugal depende de importações de outros países para mais de 60% das necessidades alimentares, devendo considerar-se as emissões associadas ao transporte; [4]
- Mais de 3,5 milhões de portugueses têm um consumo de carne superior a 100 g/dia, sendo, de uma forma geral, superior ao recomendado; [5]
- O plástico é o material de embalagem mais utilizado pelos portugueses. [5]
Desta forma, torna-se importante abordar o tema da sustentabilidade alimentar, havendo claramente uma necessidade de mudança, tanto no sistema alimentar nacional e global, como nas escolhas alimentares da população e na gestão da própria alimentação.
Assim, convido-os a acompanhar-me durante este período em que aprofundarei esta importante temática, trazendo conteúdos relacionados com uma dieta mais sustentável e, simultaneamente, saudável.
Fontes consultadas:
- 1- FAO, WHO. Sustainable Healthy Diets Guiding Principles. Sustainable healthy diets. 2019. http://www.fao.org/3/ca6640en/ca6640en.pdf
- 2- Morawicki RO, Díaz González DJ. Food sustainability in the context of human behavior. Yale J Biol Med. 2018. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6020726/pdf/yjbm_91_2_191.pdf
- 3- Food and Agricultural Organization (FAO) of the United Nations. Food and Agriculture: Key to achieving the 2030 Agenda for Sustainable Development. Food Agric Organ United Nations. 2016. http://www.fao.org/3/a-i5499e.pdf
- 4- Galli A, Moreno Pires S, Iha K, Alves AA, Lin D, Mancini MS, et al. Sustainable food transition in Portugal: Assessing the Footprint of dietary choices and gaps in national and local food policies. Sci Total Environ. 2020. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969720348361
- 5- Lopes C et al. Inquérito alimentar nacional e de atividade física (IAN-AF) 2015-16. Universidade do Porto. 2017.