“Plastic Free July” – Histórias que movem!

 

É com muita alegria que recebemos (de braços abertos) o mês de julho. Inspiradas e comprometidas a intensificar os nossos passos rumo às transformações de hábitos e atitudes, dizemos SIM (pelo 4.º ano consecutivo) ao Plastic Free July.

A campanha é uma iniciativa da Plastic Free Foundation que mobiliza, durante o mês de julho, milhões de pessoas em todo o mundo, para assumirem o compromisso de reduzirem o desperdício e o consumo de descartáveis (de uso único).

Além deste importante movimento, o mês de julho é também marcado por outras iniciativas e comemorações que intensificam os esforços para uma mudança de consciência e atitudes mais (socioambientalmente) responsáveis. No último dia 3, comemorou-se o Dia Internacional sem saco de plástico – a data reforça a urgência em encontrarmos alternativas para minimizarmos os problemas ambientais causados pelo uso inconsciente e frenético do plástico.

Panorama mundial

Fonte: National Geographic

 

Fonte: National Geographic

 

“Dar a cara”

Desde 2017 a Maria Granel orgulha-se de ser um dos elos da corrente “Plastic Free July”, que a cada ano potencializa a sua “voz” que ecoa por centenas de países.

Em 2019, mobilizámos mais de 60 pessoas, que deram “a cara” em vídeos onde partilharam com a comunidade as principais mudanças que tinham adotado. Foi muito especial vermos o movimento a ganhar força em Portugal!

Para este ano, acreditamos que a iniciativa é ainda mais necessária num contexto de pandemia.“Sabemos que há situações neste momento crítico em que não há alternativa, é uma questão de saúde pública. Não se trata de uma cruzada antiplástico. A nossa intenção é partilhar pequenos gestos para que juntos possamos REPENSAR e REDUZIR, sempre que possível, o nosso CONSUMO”, explica Eunice.

Conheceremos, ao longo do mês, histórias de pessoas que já começaram o caminho da redução – do “menos é mais”, e outras que pretendem dar os seus primeiros passos.

Por menor que pareça ser a atitude que escolhemos mudar, passos curtos impulsionam a nossa capacidade de experimentar a transformação. Um passo hoje, mais um outro amanhã e se preciso for fazemos um “desvio”, recalculamos a rota e seguimos, sem pressa de chegar.  E de repente (como num passe de mágica) perceberemos que as nossas novas escolhas estão a começar a mudar também as pessoas que nos estão próximas – os nossos vizinhos, familiares, colegas do trabalho e até quem sabe inspirarão outras tantas a “darem a cara” também para esta causa – que é minha, é sua, é de todos! 

E por falar em inspiração…

Fomos ouvir a história de uma mulher que, após iniciar o seu próprio caminho de redução do desperdício, sentiu que era parte da sua missão partilhá-lo com as pessoas. Damos as boas-vindas à (inspiradora) Lívia Humaire, fundadora da primeira loja brasileira “zero waste”.

 

Imagem: Arquivo pessoal Lívia Humaire

 

Geógrafa de formação e “ativista” de coração, Lívia participa do “Plastic Free July” há cinco anos e aceitou (carinhosamente) o nosso convite para partilhar a sua história neste artigo. Além de ter gravado um vídeo que está disponível na página da Maria Granel, no Instagram.

Paulistana, Lívia conta-nos que sempre esteve atenta aos projetos que envolviam sustentabilidade. Mudou-se para Florianópolis (sul do Brasil) para frequentar a universidade, onde pôde estar mais próxima de iniciativas mais “responsáveis”.

Ao finalizar os seus estudos, Lívia retorna a São Paulo com um incómodo por sentir que podia realizar algo significativo, que estivesse alinhado com a sua verdade. “Quando voltei a São Paulo, sentia um enorme desconforto por não encontrar alternativas para manter uma vida com menos desperdício. Algo que eu vivenciei fortemente em Floripa”, relembra Lívia.

É comum observar, sobretudo, nas iniciativas que transformam vidas que o ponto de partida é (quase) sempre uma “crise” ou um incómodo. O desconforto diante de uma situação acaba por ser um (excelente) combustível para as mudanças. Lívia estava decidida a buscar ferramentas que a “recolocassem” na estrada da sustentabilidade.  “Foi um período de muito estudo e pesquisa, até conhecer a Bea Johnson, do movimento Zero Waste”. A partir daí Lívia sentiu-se inspirada a implementar um estilo de vida sem desperdício.

 Ao lado da sua fiel escudeira (e filha), Iuna, Lívia recorda que as primeiras mudança aconteceram na casa de banho. Dada quantidade de embalagens e químicos nocivos que os produtos carregavam, passou a produzir a sua própria pasta de dentes, os seus champôs e condicionadores. Rapidamente incluiu as outras áreas da casa no processo de mudança e conseguiu eliminar 95% das embalagens e 100% de produtos químicos tóxicos. “Descobri todo um universo de produtos naturais que eram igualmente eficientes ou melhor do que os industrializados, com a vantagem de não agredirem o meio ambiente e não gerarem lixo”, diz ela.

 

Imagem: Arquivo pessoal Lívia Humaire

 

Lívia nesta altura sentia que já havia conseguido reaproximar-se do seu caminho, mas podia fazer mais… Em 2017 ela viaja pelo mundo para conhecer 24 iniciativas conectadas a filosofia zero waste, passando por Portugal, quando conheceu a Maria Granel e a nossa Eunice.

 

Imagem: Desafio Zero

 

Ao retornar do “tour zero waste”, Lívia já sentia-se segura em dar mais um passo. Em julho de 2018 lança uma campanha de financiamento coletivo para reformar um espaço que havia escolhido para ser a primeira loja zero waste do Brasil.

A campanha de crowdfunding foi um sucesso e Lívia consegue fundar, em setembro de 2018, a MAPEEI– Uma vida sem Plástico, com 80 fornecedores nacionais de produtos “do bem” que havia identificado ao longo do seu processo de abertura do espaço. “Sentia uma enorme alegria quando descobria um novo potencial produtor. Na maioria das vezes, testemunhei os primeiros passos dos empreendimentos”, relembra Lívia.

 

Imagem: Veja SP

 

Mais do que adquirir produtos que estivessem alinhados com a nova filosofia que desembarcava no Brasil, Lívia conta-nos que havia uma preocupação e um esforço em formar os potenciais produtores, mostrando-lhes que era possível comercializar de uma fora diferente, por exemplo sem embalagens e substâncias nocivas à saúde e ao meio ambiente.

A conversa com a Lívia aconteceu via chamada de vídeo e, ainda assim, foi fácil perceber o brilho nos seus olhos ao partilhar as suas experiências. E elas não se resumem à jornada pessoal e fundação da MAPEEI, Lívia (agora na Suíça) prepara-se para “dar a luz” outra iniciativa igualmente inspiradora e necessária. A Global Ecological Transitions nasce com o objetivo de organizar a transparência ética que está por trás dos produtos que escolhemos consumir. Trata-se de uma plataforma que (matematicamente) analisa 90 aspectos que somados, resultam numa nota que indica o “grau” de responsabilidade socioambiental que o produto traz na sua cadeia produtiva. Assim fica mais fácil encontrar, num único lugar, produtos bons e do bem!

Gostou desta primeira história? Durante este mês convidaremos outras pessoas para partilharem as suas trajetórias, que (nem sempre) são fantásticas e lineares, e não precisam ser!

Sentiu vontade de partilhar a sua história? Escreva para nós!

Um feliz julho sem plástico!

Fontes: National Geographic; Plastic Free July; Global Ecological Transitions.