Sabias que no mês de maio (dia 28) se assinala o Dia Mundial da Menstruação?

Para assinalarmos a data, convidámos a representante da Organicup Portugal, nossos queridos parceiros e fornecedores, Elizabete Gomes, para esclarecer as principais dúvidas em relação ao copo menstrual,  uma alternativa aos pensos e tampões sintéticos e descartáveis.  

 

 Elizabete Gomes

                                                                                                                                                    Elizabete Gomes - Imagem de arquivo pessoal

 

 

A Organicup responde! 

 

Como surgiu o copo menstrual?

Ele existe há muito tempo, desde 1937. Foi inventado e patenteado por Leona Chalmers, embora haja registo anterior de 1867 nos Estados Unidos. Já a sua produção começou no início da 2ª Guerra Mundial, o que favoreceu a emancipação feminina. Embora o projeto não tenha evoluído na época, por inúmeros motivos, um deles a escassez de matéria-prima para a sua produção, os copos menstruais não foram esquecidos, tendo sido, mais recentemente, resgatados para serem estudados, projetados e oferecidos às pessoas que menstruam.  

O que tornou possível resgatar os copos menstruais, explicando um longo hiato entre a sua invenção e a sua generalização, entre outros aspetos, foi o acesso ao silicone médico e a constituição de equipas especializadas para os projetar anatomicamente, assim como o acesso à tecnologia para criar um copo funcional, confortável, seguro e também acessível.

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                                                                                                                                                                                                              Fonte: http://www.mum.org/

O que mudou daquela época até os dias de hoje? 

Embora os tempos sejam outros, ainda hoje não gostamos de falar de menstruação, não gostamos de ver menstruação. Além disso, há outros estigmas ligados ao tocar o nosso próprio corpo. E, neste sentido, o copo menstrual convida-nos a conhecermos o nosso corpo, porque precisamos estar à vontade com o nosso fluxo menstrual.

Acredito que esses motivos são os principais para conseguirmos ampliar a sua aceitação. 

 

Como surgiu a Organicup?

A Organicup é resultado do projeto de um jovem empreendedor dinamarques, William Ravn, movido pela causa da sustentabilidade, procurando, neste caso particular, dar uma resposta a uma das condições humanas que mais gera lixo no mundo (a menstruação). 

William junta-se a outro jovem empreendedor, Kristian Meincke e a Gitte Dalberg-Larsen - atual diretora e que possui uma vasta experiência em farmacosmética.  E assim, em 2012, a Organicup é fundada em Copenhagen, crescendo rapidamente para países da Escandinávia, alargando o mercado para o Reino Unido e, após nove anos,  a marca está presente em todo o mundo, passando a barreira de 1.5 milhão de copos vendidos. 

A equipa cresceu também sendo composta atualmente por 40 pessoas de várias nacionalidades, sendo duas portuguesas - eu e a Madalena Limão.   

Desde o início,  a sua missão é acabar com o facto de o período menstrual gerar tanto lixo no mundo. Além disso, a marca está ligada a outras iniciativas que combatem a pobreza menstrual e o direito à educação menstrual. 

 

Com tantas possibilidades de absorventes e coletores menstruais no mercado, porque devemos optar pelo copo menstrual e, neste caso contreto, da Organicup?  

Na minha visão, devemos escolher um copo menstrual quase sempre. Por se tratar de um produto mais confortável, mais económico (no caso da Organicup o nosso silicone tem uma média de vida de 10 anos, custando 24 euros - o que representa um investimento de 2,40 por ano), mais ecológico (a marca estima que em dois anos uma mulher utiliza cerca de 528 pensos ou tampões; ao optar pelo copo menstrual reduz-se cerca de 99% de resíduos) e  mais saudável.

Ao usar um copo menstrual evita-se o contato direto a ingredientes problemáticos presentes nos produtos descartáveis. Uma das principais diferenças entre o copo e os outros absorventes é o facto de o copo não fazer absorção, ele coleta. Quando se utilizam os métodos absorventes, são absorvidas, inclusive, componentes naturais da região íntima que protegem o canal vaginal e o mantêm saudável. 

Em termos de liberdade, o copo coleta o sangue por cerca de 12 horas, dependendo do fluxo de cada mulher. Ou seja, a sua capacidade equivale a dois ou três tampões. 

 

Como escolher o tamanho do meu copo menstrual? 

É importante escolher o tamanho adequado, considerando, sobretudo, o conforto anatómico, e não apenas o fluxo menstrual. Portanto, os copos Organicup são desenvolvidos para atender três diferentes momentos da vida de uma utilizadora:  

Mini - indicado para adolescentes que ainda estejam em crescimento ou para adultas que sejam pequeninas (em altura e fisicamente) que sintam mais conforto com esta opção; 

A - indicado para mulheres adultas que não tiveram partos vaginais. 

B - indicado para utilizadoras que tiveram partos vaginais.

 

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                                                                                                                                                                               Imagem: Organicup




Como higienizá-lo?

Assim como a zona íntima feminina, os copos menstruais só precisam de água. 

A esterilização é necessária entre os períodos, assegurando assim uma higienização completa, podendo ser realizada antes de cada menstruação ou ao final, no momento de guardar o copo num saquinho. Basta colocar o copo em água a ferver durante 3 a 5 minutos. Importante: deixar o copo secar bem antes de guardá-lo. 

      

                                                                                                                                                                                           Imagem: Organicup

 

E se eu estiver fora de casa, como devo higienizá-lo?

Se não tiver acesso ao lavatório dentro da casa de banho, ou se esse é partilhada com várias pessoas, recomendamos 3 soluções: levar a própria garrafa de água e realizar a higiene do copo; utilizar o papel higiénico para limpá-lo ou toalhitas íntimas nas situações de emergência.  

 

Posso ter uma vida normal ao utilizar o copo menstrual? 

O copo menstrual permite que tenhamos uma vida normal -  fazer desporto, ir à praia, piscina, dormir, tudo o que faríamos com um penso ou um tampão, mas de uma forma mais confortável e segura. 

 

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                                                                                                                                                        Imagem: Organicup

 

 

Como podemos (a marca, os revendedores, os parceiros e a sociedade) trabalhar o acesso às alternativas mais ecológicas? 

De facto, em várias partes do mundo, o acesso a produtos de higiene menstrual com sustentabilidade (ou sem) é um privilégio. Muitas meninas e mulheres ainda sofrem de pobreza menstrual nos países menos desenvolvidos e para nós, esta é uma causa a que nos dedicamos, é um dos pilares da nossa marca. Por isso, trabalhamos em parceria com iniciativas facilitando a educação menstrual e o acesso aos copos através da doação destes. Só em 2020 doamos mais de 10 mil copos países, como Nepal, Índia, Vietnam e São Tomé Príncipe. 

 

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                                                                                                                                                                                 Imagem: Organicup

Faz-se necessário que todos os players envolvidos nesta situação tenham mais consciência do que são os descartáveis e os impactos que eles causam e como esta situação pode, efetivamente, ser reduzida. 

No que cabe à Organicup, sensibilizamos e educamos cada vez mais para a possibilidade de uma menstruação com menos lixo.  

Infelizmente, não há em Portugal, uma iniciativa (estatal ou não estatal) que realize levantamentos e ou pesquisas que forneça informações concretas sobre a realidade nacional sobre, por exemplo,  lixo gerado e ou produtos consumidos durante a menstruação, facto que favoreceria ações mais concretas e diretas, embora haja pessoas e estejam a surgir projetos que de uma forma pessoal levam a educação menstrual às escolas e não só.

 

Considerando que, além das mulheres, há pessoas que estão em transição de género e  que utilizam os copos menstruais, como trabalha a Organicup a sensibilização para os direitos humanos e para a igualdade?

A maior parte da nossa comunicação acontece na língua inglesa, o que permite a não concordância com um único género. O nosso público-alvo são as pessoas que menstruam, lembrando, inclusive, que há muitas mulheres que não menstruam. 

Outra preocupação que temos na nossas comunicação é não fazemos o uso de imagem de modelos profissionais, trabalhamos com pessoas reais, de várias nacionalidades.

Por nos posicionarmos globalmente, há uma preocupação de incluirmos, de falarmos para pessoas que menstruam. Mas sem dúvida esta é uma questão importante e desafiadora sobre a qual estamos em permanente reflexão. 

 

Quais são os canais que a Organicup dispõe para as pessoas utilizadoras esclarecerem as suas dúvidas em relação ao copo? 

A Organicup possui algumas plataformas de atendimento que estão disponíveis em diferentes línguas. Por exemplo, em português temos uma página no Facebook, onde há um grupo privado composto de mais de 4 mil utilizadoras. E há sempre a possibilidade de nos enviar uma mensagem privada com a dúvida.

Temos também o apoio ao cliente composto com uma equipa internacional que está sempre disponível. Possuímos um vídeo guia (legendado) que explica todos os passos do uso do copo.

 

 

Além destas plataformas, temos no nosso site um separador com as perguntas frequentes, e também temos as lojas com quem trabalhamos, os nossos parceiros estão também preparados para dar algum apoio às utilizadoras. 

 

O que acontece ao copo Organicup em fim de vida?  E como dar-lhe o destino correto e responsável?

Embora exista em outros países, nós em Portugal ainda não temos um ponto de reciclagem de silicone, exceto para o industrial. Para garantir que o copo não seja descartado como lixo comum, podemos queimá-lo, num ambiente controlado e com segurança. É importante dizer que no caso de o silicone médico ir parar ao aterro, ele irá decompor-se, embora seja um processo lento. Ao contrário do plástico, o silicone médico não liberta partículas que sejam problemáticas para o solo, oceano ou para a água. 

Agora, a solução mais criativa de todas que já vimos de uma utilizadora foi aproveitar o copinho e colocá-lo dentro de vasos, servindo de reservatório de água para as plantas. O copo tem uma longevidade considerada, sendo bem estimado pode ultrapassar os 10 anos de vida. 

 

Quais os próximos passos da Organicup?

Há algumas novidades e vitórias conquistadas. Tínhamos um selo plástico que garantia o fecho das nossas embalagens e conseguimos substituí-lo; agora as nossas embalagens são 100% sem plástico. Além disso, desde o final do ano passado, passamos a produzir os copos na Alemanha. Outra novidade é que a Organicup está a terminar o seu processo de registo do copo menstrual como dispositivo médico. E, por fim, lançaremos novos produtos (dedicados à menstruação) no verão. Aguardem! 

Esperamos que tenhas gostado da nossa conversa com a Elizabete a propósito deste copo revolucionário. Podes ouvi-la na íntegra e na primeira pessoa no último episódio do nosso podcast. 

Se tiveres alguma dúvida ou sentires dificuldade ou receio, fala connosco, envia-nos uma mensagem, vamos adorar ajudar e partilhar contigo a nossa experiência.

Um feliz ciclo a tod@s!