O consumo consciente transcende o ato de comprar de forma mais responsável; acreditamos que o conceito pode (e deve) ser incluído nas nossas rotinas, inclusive, na forma como nos mantemos informados. E se há um exemplo de quem vive e fomenta essa prática, é a dupla João Kraeski e o Bruno Lisboa da plataforma Livre Para, os nossos convidados de hoje na rubrica ComUnidade.

A história dessa agência multifacetada de comunicação confunde-se com a própria jornada dos sócios que, cansados das suas vidas profissionais no Brasil, enfiaram todos os seus pertences em duas mochilas e lançaram-se no mundo em busca de novas experiências. 

“Eu venho da indústria da moda e o Bruno do marketing, estávamos saturados das nossas vidas profissionais e sentíamos que a nossa entrega no mundo podia ser diferente”, conta o João.

 

Mochilão em 2015 EFoto: Arquivo pessoal

 

O casal tomou conhecimento de uma teoria/estilo de vida que mudou a sua direção, em  2015. “Pela primeira vez, ouvimos falar do mundo Social Good, que defende olharmos para dentro e incluirmo-nos na sociedade como parte das soluções que queremos ver no mundo, através da presença e da empatia e do trabalho para o bem”, explica Bruno.

O "Setor B" surgiu como um novo caminho e acelerou a vontade que tinham de descobrir o mundo. E, assim, no mesmo ano eles, embarcam na sua primeira viagem internacional. Escolheram a Califórnia como destino e por lá usufruíram, livremente, dos direitos (lamentavelmente) vedados no seu país de origem.

Ao ouvir a história da vida do João e do Bruno e, consequentemente, do nascimento da Livre Para, percebe-se o quanto as suas experiências estão intimamente ligadas às fases de criação / “gestação” da empresa.

 

CambojaCamboja - Arquivo pessoal

 

Fase I: Despertar

Em 2015, as iinquietações do casal em relação à vida profissional, a primeira experiência internacional e uma formação promovida pela Social Good Brasil, Organização sem Fins Lucrativos que desenvolve ações para que o ser humano seja o centro de todas as transformações, foram os ingredientes necessários para que pudessem despertar para um novo desíginio: viver (n)o mundo! “Assumíamos, na época, cargos importantes em grandes empresas, mas sentíamos que não bastava. Precisávamos de uma mudança, foi quando decidimos vender as nossas coisas para aprendermos a viver com o mínimo e essencial”, relembra Bruno.  

Esse período, que inclui a perceção das insatisfações e a revelação de novas possibilidades, é encarado pelos dois como a fase de "Despertar". 

 

Fase II: Inspirar

Pelo mundo apenas com uma mochila às costas e uma vontade de descobrir as diferentes realidades e culturas. Portugal, Itália, Indonésia, Malásia, Camboja e Vietname foram palco das suas descobertas e o itinerário para o seu nomadismo digital. “A cada cultura que entrávamos em contato aprendíamos mais sobre a interessante diversidade deste planeta, encontramos histórias de superação e esperança que nos inspiraram muito!”, comentam eles.

A jornada revelou diferentes  formas de vida, culturas, religiões e perspetivas que se somaram-se à vontade inegável de construção de um caminho mais responsável. 

 

E1DEB655 BF4F 4619 A544 DF04994C701FFoto: Arquivo pessoal

 

 

Fase III - Ser

Após o período de experiências noutros lugares do mundo, o casal sentiu que chegara a hora de partilhar as suas inspirações e descobertas. Estavam em 2018 e o novo destino escolhido era Lisboa.

“Queríamos entregar ao mundo um pouco da nossa experiência, sentíamos com liberdade de… e com liberdade para…”, dizem.

Esse foi o pano de fundo para o nascimento da Livre Para, um instrumento que serviu, inicialmente, para dar voz às experiências vividas pelo casal. 

A Feira da Ladra, uma das mais populares e emblemáticas de Lisboa, foi o primeiro cenário de atuação da Livre Para. “Montámos uma banca na Ladra para vender palhinhas de bambu”, conta Bruno. Logo na sequência, vieram outras feiras, o que os levou a perceber que mais do que venderem produtos, eles vendiam conceitos! “Descobrimos que os produtos eram veículos para disseminarmos projetos e iniciativas ambientalmente responsáveis!”

 

Reorientando a bússola

De produtos ecológicos para produções de eventos e de boas notícias, passando pela promoção de projetos que transformam vidas e realidades, em apenas 3 anos de existência, João e Bruno orgulham-se das iniciativas que promoveram, das conexões que estabeleceram e das aprendziagens colhidas: “Foi fundamental adaptarmos a nossa missão, e a partir daí não medimos esforços para estabelecermos relações e participar dos eventos sustentáveis de Lisboa”.

O Livre Para tem no seu portefólio a criação e produção da Feira dos Sentidos (com 5 edições); Participação no evento internacional We are Global Meeting; Os seus sócios tornaram-se embaixadores da Route em Portugal e mais recentemente, após o Webinar - O Futuro do Granel, passaram a reforçar a equipa de comunicação da Maria Granel. “Já havíamos estado com a Eunice em vários eventos, inclusive já havíamos dado um workshop na loja. Sem dúvidas, ela foi fundamental para nos ajudar a ampliar a mensagem que queríamos passar. E, agora, poder continuar a nossa missão nesse projeto em que tanto acreditamos é um presente!”

 

Hoje, com o Livre Para, Bruno e João, são embaixadores do Pacto Europeu para o Clima em Portugal, programa da Comissão da União Europeia, e estão a trazer os fundamentos e aprendizados da Teoria U (teoria preconizada pelo investigador do MIT, Otto Scharmer, que promove jornadas de aprendizagem, inovação e transformação social.) para os seus trabalhos, eventos e colaborações em Portugal e no Brasil.

 

1af1844e 72eb 4b18 bbe1 9bbf3794bc71 Feira dos Sentidos - Arquivo pessoal

 

Ao descobrir a história da Livre Para, uma empresa que nasceu da vontade de conhecer o mundo e poder devolver as boas experiências nele vividas, fica mais fácil acreditar que um dos pilares da saúde mental e espiritual é “alimentarmo-nos” de esperança. Descobrir iniciativas (inspiradoras) que estão a ser desenvolvidas, sobretudo, ao nosso redor pode se tornar um combustível para acreditar na transformação que desejamos ver  no mundo. Não se trata de nos alienarmos da realidade, mas sim de ampliarmos as fontes de informações que dão luz às pessoase gestos que estão a transformar, efetivamente, vidas e realidades. 

 

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