POR ONDE COMEÇAR?

Este pequeno guia que apresentamos de seguida foi concebido como um ponto de partida, um convite a uma reflexão e, depois, à ação, no que e como fizer mais sentido. Fiéis ao que somos, encontrando a nossa própria voz, respeitando o nosso próprio ritmo. Foi escrito no intuito de poder ajudar a fazer pequenas mudanças. Até pode ser só uma. O que interessa é pormo-nos juntos a caminho. Sabemos por experiência própria que a ecologia e (talvez ainda mais) o movimento zero waste podem, por vezes, parecer restritivos e radicais, deixando reservas a quem quer mudar, por não saber bem o que fazer, como fazer, por onde começar, por ter medo do erro ou de se sentir julgado e «marginalizado», cheio de culpa por não chegar ao «zero» nem perto disso. Sentimos tantas vezes essas mesmas emoções, essa «ecoansiedade». Nessas alturas, quando mergulhamos na dúvida, quando nos sentimos impotentes ou envergonhados por estar a falhar — continuamos a gerar muito desperdício —, lembramo-nos da frase da Anne-Marie Bonneau (zero waste chef) que nos resgata imediatamente, pelo seu otimismo e força,desse dilema interior:
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Acreditamos muito nisso, no poder dos pequenos gestos imperfeitos. A abordagem tem mesmo de ser feita pelo lado positivo, centrando a nossa energia naquilo que é possível, com expectativas realistas. Porque um estilo zero waste e low impact é necessariamente condicionado por fatores que nem sempre controlamos, que não nos são acessíveis ou que simplesmente ainda desconhecemos perto de nós(superfícies ou mercearias a granel e com sistema BYOC; existência de mercado dos produtores; secções comerciais com alimentos sem embalagem de plástico; ausência de vontade ou jeito para cozinhar os próprios produtos; falta de tempo ou de espaço para determinadas práticas; ausência de sistemas eficazes de recolha e tratamento de resíduos...). 

O mais importante é mesmo tentar e ir conseguindo; é celebrar as pequenas mudanças. Cremos também que é esta consciência de um certo fracasso, que será sempre inerente à luta pelo «zero», que nos une em torno desta causa, criando «(com)unidade». É o fracasso mais vitorioso que conhecemos. O zero é impossível na sociedade e no mundo atuais, mas merece que façamos alguma coisa, que comecemos! Que lutemos juntos todos os dias por ele. Por isso, independentemente do que consiga ou não fazer, só o facto de estar desse lado é um passo. Não há nenhuma fórmula mágica, nenhum guia, nenhum livro que o possa fazer por nós. É dentro de nós que está o caminho. É dentro de nós que está a revolução.
Antes de começar
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Estamos tão habituados a descartar, a «deitar fora» de forma tão inconsciente, a guardar o lixo em sacos escuros e opacos e a colocá-los depois em ecopontos subterrâneos, que, muitas vezes, não temos mesmo noção (inclusivamente visual) da quantidade efetiva de resíduos que geramos. Não existe «fora». Pense-se na imagem do planeta na imensidão do universo e ouça-se o eco das palavras de Carl Sagan, que se refere à Terra como «a pale blue dot». Olhando bem para a vastidão em que está suspenso aquele pontinho, onde está o “fora”? 

O facto de todo o processo se desenrolar longe da vista leva-nos a permanecer numa espécie de «alienação feliz». Ler no relatório da Agência Portuguesa do Ambiente que cada português gera, em média, por dia, um saco de 1,25 kg de resíduosé bem diferente de ter esse saco à nossa frente, materializado, com lixo nosso. 

E esse é o primeiro passo a dar: ter consciência (da dimensão) do problema, para depois passar à solução. Depois da «radiografia» ao nosso caixote do lixo, é fácil perceber quais são os itens que mais contribuem para a produção de resíduos. A partir desse momento, e com o objetivo de redução interiorizado, é mais fácil passar ao próximo passo, conhecer o nosso «mantra», a metodologia que nos vai permitir produzir menos lixo: o modelo dos «R». 

Esta metodologia, desenvolvida na obra "Zero Waste Home", e aplicada pela sua família em ambiente doméstico, é simples, mas revolucionária, baseando-se em cinco passos fáceis – os 5 R:

 “recuse aquilo de que não precisa; reduzaaquilo de que precisa; reutilize aquilo que consumir; recicle o que não puder recusar, reduzir ou reutilizar; e composte tudo o resto” (JOHNSON, pp.31, 32).

 Estes passos devem ser dados nesta ordem e atuam simultaneamente ao nível da prevenção dos resíduos (primeiro e segundo), do consumo mais consciente (terceiro) e do processamento do desperdício (quarto e quinto).  De nada interessa continuarmos a produzir e a consumir e a reciclar como se não houvesse amanhã e como se os recursos fossem inesgotáveis. O problema não está apenas na forma como descartamos (crentes de que estamos a fazer sumir o desperdício), mas também, e sobretudo, na forma como consumimos desenfreadamente.

Vivemos numa era definida como «Antropoceno», a primeira era geológica marcada pelas alterações biofísicas das ações humanas à escala planetária. Este é um momento extremamente crítico, num planeta cujos recursos exaurimos, provocando a emissão de CO2 em níveis que excedem há muito o que é considerado seguro, desencadeando o aquecimento global. «A nossa casa está a arder», como nos lembra Greta Thunberg. Temos vivido como se tivéssemos outro planeta à nossa espera depois de o arruinarmos por completo através de um modelo económico centrado num crescimento célere e constante, hipercarbónico, ao serviço da extração imparável de recursos, acumulando objetos inúteis, descartando, enterrando e queimando esses mesmos objetos depois de os transformar rapidamente em resíduos. São cada vez mais frequentes os fenómenos meteorológicos extremos, causando deslocações populacionais em massa, e é inegável a progressiva subida do nível do mar, provocando o desaparecimento total ou a submersão parcial de muitas extensões de terreno. Assistimos igualmente a secas prolongadas, fome, ausência de acesso a água potável, enquanto vastas áreas vão sendo devastadas em nome do cultivo intensivo, sacrificando a biodiversidade e votando-a a um declínio irreversível.

Foi esta mesma sociedade do «deita fora» que gerou a crise de lixo que temos hoje entre mãos e que não tem fronteiras. Vivemos uma crise global de desperdício que é fruto do nosso comportamento consumista e de uma economia linear baseada num padrão de produção e descarte sucessivos; temos de perceber que esse paradigma se esgotou e tem os dias contados. 

Analisando o desperdício que geramos, o plástico de uso único é, sem dúvida, a representação (e projeção simbólica) desta era do descarte e do estado a que chegámos – o da iminência da catástrofe. Este material é o principal agente (omnipresente e, por isso, global) da poluição marinha, causando danos irreversíveis nos ecossistemas, devido à sua permanência e durabilidade, com consequências nefastas na saúde humana e do planeta. 

A expressão «plástico» deriva do grego "plastikós", «flexível», e batizou um material que pode ser modelado com calor ou pressão para criar outros objetos. Foi precisamente esta característica que determinou o sucesso deste polímero, uma macromolécula feita em laboratório pelo homem. A sua história é relativamente recente. Nasceu com um propósito nobre: substituir matérias de origem animal em utensílios pessoais e decorativos, como acontecia, por exemplo, com as bolas de bilhar e as teclas de piano, que até aí eram de mar- fim. Graças ao plástico, assistimos a grandes avanços na medicina, apareceram motores e componentes mais leves, telefones, telemóveis, computadores, eletrodomésticos, a película aderente, o vinil... A música "I'm a Barbie girl" traduz bem o deslumbramento da sociedade contemporânea por esse material: "Life in plastic is fantastic".

Hoje sabemos que a vida com plástico não é assim tão fantástica... Apesar das suas variadíssimas virtualidades e de ser uma inovação tecnológica revolucionária, a forma como usamos e descartamos o plástico transformou-o, nas últimas décadas, numa arma mortífera e num agente poluidor com efeitos nefastos nos ecossistemas, sobretudo marinhos. E esse é o grande problema — o seu impacto pós-consumo, a sua permanência no ambiente, gerando danos gravíssimos e irreparáveis, com implicações tanto ambientais como na saúde pública (contaminação de água, solo, ar; metais pesados tóxicos, disruptores endócrinos, bisfenol A [BPA] e outras substâncias potencialmente perigosas encontradas em microplásticos que já entraram na cadeia alimentar) ou ao nível económico e social.

No entanto, não se trata aqui de conduzir uma fervorosa cruzada antiplástico. O inimigo não é o plástico; é o uso que dele fazemos e a forma como descartamos.

Por outro lado, quando falamos em desperdício, falamos não só de eliminação (redução) de resíduos, mas também de desperdício alimentar. Diariamente, deitamos fora comida em boas condições. Muitas vezes são descartados alimentos só porque, entre outros motivos, não cumprem parâmetros estéticos, apresentam pequenas «mazelas» ou estão próximos da data de validade... Toneladas de produtos feios, mas cheios de sabor e nutritivos. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), um terço de todos os alimentos produzidos globalmente é perdido ou desperdiçado. Numa época em que quase mil milhões de pessoas passam fome, isto é inaceitável. Não podemos, como comunidade - a começar pela nossa casa e pela nossa cozinha - continuar a descartar comida. Temos o imperativo moral de a valorizar e aproveitar, porque temos a sorte de a ter. 

É urgente, por isso, (re)adotarmos uma gramática de (re)valorização: valorização dos alimentos em todo o seu potencial nutricional, não eliminando partes que são riquíssimas desse ponto de vista; e valorização dos recursos em geral, impedindo que se transformem em resíduos, não os descartando e, como tal, impedindo que sigam para aterro e libertem gases com efeito de estufa. 

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Recusar

Recusar (no topo da pirâmide, o primeiro nível) é, talvez, a ação mais simples de todas, aquela que mais diretamente depende de nós e está sob o nosso controlo exclusivo, no entanto, eu raramente a punha em prática —por medo de ferir a suscetibilidade dos outros, de confundirem o meu «não» com má educação ou arrogância. Curiosamente, o «não» (que podemos aplicar a coisas, sentimentos, relações, pessoas), sempre dito com gentileza, é libertador e dá frutos imediatos. E é impressionante aquantidade de resíduos que evitamos. Ganhamos espaço em casa - e na vida! - para o que realmente importa. Mais, o «não» abre também muitas vezes a via do diálogo, da discussão e da explicação, que podem levar (ou não, tudo bem) à mudança de comportamentos por parte do(s) nosso(s) interlocutor(es).

Recusar (no topo da pirâmide, o primeiro nível) é, talvez, a ação mais simples de todas, aquela que mais diretamente depende de nós e está sob o nosso controlo exclusivo, no entanto, eu raramente a punha em prática —por medo de ferir a suscetibilidade dos outros, de confundirem o meu «não» com má educação ou arrogância. Curiosamente, o «não» (que podemos aplicar a coisas, sentimentos, relações, pessoas), sempre dito com gentileza, é libertador e dá frutos imediatos. E é impressionante aquantidade de resíduos que evitamos. Ganhamos espaço em casa - e na vida! - para o que realmente importa. Mais, o «não» abre também muitas vezes a via do diálogo, da discussão e da explicação, que podem levar (ou não, tudo bem) à mudança de comportamentos por parte do(s) nosso(s) interlocutor(es).

PEQUENA LISTA DAQUILO A QUE PODEMOS DIZER «NÃO, MUITO OBRIGADA!»

  • Recusar brindes e amostras em lojas, eventos, conferências.

  • Recusar publicidade na caixa do correio (colocar autocolante).

  • Recusar descartáveis (talheres, palheta do café, copos, louça...).

  • Recusar produtos desnecessariamente embalados em plástico.

  • Recusar faturas impressas quando estas são também enviadas

    digitalmente.

  • Recusar cartões de visita e optar por fotografar os mesmos

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Este pequeno guia que apresentamos de seguida foi concebido como um ponto de partida, um convite a uma reflexão e, depois, à ação, no que e como fizer mais sentido. Fiéis ao que somos, encontrando a nossa própria voz, respeitando o nosso próprio ritmo. Foi escrito no intuito de poder ajudar a fazer pequenas mudanças. Até pode ser só uma. O que interessa é pormo-nos juntos a caminho. Sabemos por experiência própria que a ecologia e (talvez ainda mais) o movimento zero waste podem, por vezes, parecer restritivos e radicais, deixando reservas a quem quer mudar, por não saber bem o que fazer, como fazer, por onde começar, por ter medo do erro ou de se sentir julgado e «marginalizado», cheio de culpa por não chegar ao «zero» nem perto disso. Sentimos tantas vezes essas mesmas emoções, essa «ecoansiedade». Nessas alturas, quando mergulhamos na dúvida, quando nos sentimos impotentes ou envergonhados por estar a falhar — continuamos a gerar muito desperdício —, lembramo-nos da frase da Anne-Marie Bonneau (zero waste chef) que nos resgata imediatamente, pelo seu otimismo e força,desse dilema interior:
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Acreditamos muito nisso, no poder dos pequenos gestos imperfeitos. A abordagem tem mesmo de ser feita pelo lado positivo, centrando a nossa energia naquilo que é possível, com expectativas realistas. Porque um estilo zero waste e low impact é necessariamente condicionado por fatores que nem sempre controlamos, que não nos são acessíveis ou que simplesmente ainda desconhecemos perto de nós(superfícies ou mercearias a granel e com sistema BYOC; existência de mercado dos produtores; secções comerciais com alimentos sem embalagem de plástico; ausência de vontade ou jeito para cozinhar os próprios produtos; falta de tempo ou de espaço para determinadas práticas; ausência de sistemas eficazes de recolha e tratamento de resíduos...). 

O mais importante é mesmo tentar e ir conseguindo; é celebrar as pequenas mudanças. Cremos também que é esta consciência de um certo fracasso, que será sempre inerente à luta pelo «zero», que nos une em torno desta causa, criando «(com)unidade». É o fracasso mais vitorioso que conhecemos. O zero é impossível na sociedade e no mundo atuais, mas merece que façamos alguma coisa, que comecemos! Que lutemos juntos todos os dias por ele. Por isso, independentemente do que consiga ou não fazer, só o facto de estar desse lado é um passo. Não há nenhuma fórmula mágica, nenhum guia, nenhum livro que o possa fazer por nós. É dentro de nós que está o caminho. É dentro de nós que está a revolução.
Antes de começar
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Estamos tão habituados a descartar, a «deitar fora» de forma tão inconsciente, a guardar o lixo em sacos escuros e opacos e a colocá-los depois em ecopontos subterrâneos, que, muitas vezes, não temos mesmo noção (inclusivamente visual) da quantidade efetiva de resíduos que geramos. Não existe «fora». Pense-se na imagem do planeta na imensidão do universo e ouça-se o eco das palavras de Carl Sagan, que se refere à Terra como «a pale blue dot». Olhando bem para a vastidão em que está suspenso aquele pontinho, onde está o “fora”? 

O facto de todo o processo se desenrolar longe da vista leva-nos a permanecer numa espécie de «alienação feliz». Ler no relatório da Agência Portuguesa do Ambiente que cada português gera, em média, por dia, um saco de 1,25 kg de resíduosé bem diferente de ter esse saco à nossa frente, materializado, com lixo nosso. 

E esse é o primeiro passo a dar: ter consciência (da dimensão) do problema, para depois passar à solução. Depois da «radiografia» ao nosso caixote do lixo, é fácil perceber quais são os itens que mais contribuem para a produção de resíduos. A partir desse momento, e com o objetivo de redução interiorizado, é mais fácil passar ao próximo passo, conhecer o nosso «mantra», a metodologia que nos vai permitir produzir menos lixo: o modelo dos «R». 

Esta metodologia, desenvolvida na obra "Zero Waste Home", e aplicada pela sua família em ambiente doméstico, é simples, mas revolucionária, baseando-se em cinco passos fáceis – os 5 R:

 “recuse aquilo de que não precisa; reduzaaquilo de que precisa; reutilize aquilo que consumir; recicle o que não puder recusar, reduzir ou reutilizar; e composte tudo o resto” (JOHNSON, pp.31, 32).

 Estes passos devem ser dados nesta ordem e atuam simultaneamente ao nível da prevenção dos resíduos (primeiro e segundo), do consumo mais consciente (terceiro) e do processamento do desperdício (quarto e quinto).  De nada interessa continuarmos a produzir e a consumir e a reciclar como se não houvesse amanhã e como se os recursos fossem inesgotáveis. O problema não está apenas na forma como descartamos (crentes de que estamos a fazer sumir o desperdício), mas também, e sobretudo, na forma como consumimos desenfreadamente.

Vivemos numa era definida como «Antropoceno», a primeira era geológica marcada pelas alterações biofísicas das ações humanas à escala planetária. Este é um momento extremamente crítico, num planeta cujos recursos exaurimos, provocando a emissão de CO2 em níveis que excedem há muito o que é considerado seguro, desencadeando o aquecimento global. «A nossa casa está a arder», como nos lembra Greta Thunberg. Temos vivido como se tivéssemos outro planeta à nossa espera depois de o arruinarmos por completo através de um modelo económico centrado num crescimento célere e constante, hipercarbónico, ao serviço da extração imparável de recursos, acumulando objetos inúteis, descartando, enterrando e queimando esses mesmos objetos depois de os transformar rapidamente em resíduos. São cada vez mais frequentes os fenómenos meteorológicos extremos, causando deslocações populacionais em massa, e é inegável a progressiva subida do nível do mar, provocando o desaparecimento total ou a submersão parcial de muitas extensões de terreno. Assistimos igualmente a secas prolongadas, fome, ausência de acesso a água potável, enquanto vastas áreas vão sendo devastadas em nome do cultivo intensivo, sacrificando a biodiversidade e votando-a a um declínio irreversível.

Foi esta mesma sociedade do «deita fora» que gerou a crise de lixo que temos hoje entre mãos e que não tem fronteiras. Vivemos uma crise global de desperdício que é fruto do nosso comportamento consumista e de uma economia linear baseada num padrão de produção e descarte sucessivos; temos de perceber que esse paradigma se esgotou e tem os dias contados. 

Analisando o desperdício que geramos, o plástico de uso único é, sem dúvida, a representação (e projeção simbólica) desta era do descarte e do estado a que chegámos – o da iminência da catástrofe. Este material é o principal agente (omnipresente e, por isso, global) da poluição marinha, causando danos irreversíveis nos ecossistemas, devido à sua permanência e durabilidade, com consequências nefastas na saúde humana e do planeta. 

A expressão «plástico» deriva do grego "plastikós", «flexível», e batizou um material que pode ser modelado com calor ou pressão para criar outros objetos. Foi precisamente esta característica que determinou o sucesso deste polímero, uma macromolécula feita em laboratório pelo homem. A sua história é relativamente recente. Nasceu com um propósito nobre: substituir matérias de origem animal em utensílios pessoais e decorativos, como acontecia, por exemplo, com as bolas de bilhar e as teclas de piano, que até aí eram de mar- fim. Graças ao plástico, assistimos a grandes avanços na medicina, apareceram motores e componentes mais leves, telefones, telemóveis, computadores, eletrodomésticos, a película aderente, o vinil... A música "I'm a Barbie girl" traduz bem o deslumbramento da sociedade contemporânea por esse material: "Life in plastic is fantastic".

Hoje sabemos que a vida com plástico não é assim tão fantástica... Apesar das suas variadíssimas virtualidades e de ser uma inovação tecnológica revolucionária, a forma como usamos e descartamos o plástico transformou-o, nas últimas décadas, numa arma mortífera e num agente poluidor com efeitos nefastos nos ecossistemas, sobretudo marinhos. E esse é o grande problema — o seu impacto pós-consumo, a sua permanência no ambiente, gerando danos gravíssimos e irreparáveis, com implicações tanto ambientais como na saúde pública (contaminação de água, solo, ar; metais pesados tóxicos, disruptores endócrinos, bisfenol A [BPA] e outras substâncias potencialmente perigosas encontradas em microplásticos que já entraram na cadeia alimentar) ou ao nível económico e social.

No entanto, não se trata aqui de conduzir uma fervorosa cruzada antiplástico. O inimigo não é o plástico; é o uso que dele fazemos e a forma como descartamos.

Por outro lado, quando falamos em desperdício, falamos não só de eliminação (redução) de resíduos, mas também de desperdício alimentar. Diariamente, deitamos fora comida em boas condições. Muitas vezes são descartados alimentos só porque, entre outros motivos, não cumprem parâmetros estéticos, apresentam pequenas «mazelas» ou estão próximos da data de validade... Toneladas de produtos feios, mas cheios de sabor e nutritivos. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), um terço de todos os alimentos produzidos globalmente é perdido ou desperdiçado. Numa época em que quase mil milhões de pessoas passam fome, isto é inaceitável. Não podemos, como comunidade - a começar pela nossa casa e pela nossa cozinha - continuar a descartar comida. Temos o imperativo moral de a valorizar e aproveitar, porque temos a sorte de a ter. 

É urgente, por isso, (re)adotarmos uma gramática de (re)valorização: valorização dos alimentos em todo o seu potencial nutricional, não eliminando partes que são riquíssimas desse ponto de vista; e valorização dos recursos em geral, impedindo que se transformem em resíduos, não os descartando e, como tal, impedindo que sigam para aterro e libertem gases com efeito de estufa. 

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Recusar

Recusar (no topo da pirâmide, o primeiro nível) é, talvez, a ação mais simples de todas, aquela que mais diretamente depende de nós e está sob o nosso controlo exclusivo, no entanto, eu raramente a punha em prática —por medo de ferir a suscetibilidade dos outros, de confundirem o meu «não» com má educação ou arrogância. Curiosamente, o «não» (que podemos aplicar a coisas, sentimentos, relações, pessoas), sempre dito com gentileza, é libertador e dá frutos imediatos. E é impressionante aquantidade de resíduos que evitamos. Ganhamos espaço em casa - e na vida! - para o que realmente importa. Mais, o «não» abre também muitas vezes a via do diálogo, da discussão e da explicação, que podem levar (ou não, tudo bem) à mudança de comportamentos por parte do(s) nosso(s) interlocutor(es).

Recusar (no topo da pirâmide, o primeiro nível) é, talvez, a ação mais simples de todas, aquela que mais diretamente depende de nós e está sob o nosso controlo exclusivo, no entanto, eu raramente a punha em prática —por medo de ferir a suscetibilidade dos outros, de confundirem o meu «não» com má educação ou arrogância. Curiosamente, o «não» (que podemos aplicar a coisas, sentimentos, relações, pessoas), sempre dito com gentileza, é libertador e dá frutos imediatos. E é impressionante aquantidade de resíduos que evitamos. Ganhamos espaço em casa - e na vida! - para o que realmente importa. Mais, o «não» abre também muitas vezes a via do diálogo, da discussão e da explicação, que podem levar (ou não, tudo bem) à mudança de comportamentos por parte do(s) nosso(s) interlocutor(es).

PEQUENA LISTA DAQUILO A QUE PODEMOS DIZER «NÃO, MUITO OBRIGADA!»

  • Recusar brindes e amostras em lojas, eventos, conferências.

  • Recusar publicidade na caixa do correio (colocar autocolante).

  • Recusar descartáveis (talheres, palheta do café, copos, louça...).

  • Recusar produtos desnecessariamente embalados em plástico.

  • Recusar faturas impressas quando estas são também enviadas

    digitalmente.

  • Recusar cartões de visita e optar por fotografar os mesmos

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Reduzir

Vivemos num tempo em que o estímulo para a compra, seja através da constante publicidade, seja pelo fator conveniência, parece inevitável. E compramos, compramos,inutilmente. Vamos amontoando coisas que não fazem sentido, de que já não precisamos ou que já não nos trazem felicidade. Parar para «destralhar» dá-nos a oportunidade de reduzir ao essencial o que temos («menos é mais») e dá-nos também a oportunidadede rever os nossos hábitos de consumo, detetando verdadeiras necessidades e assinalando aquilo que, afinal, não precisamos de adquirir. Reduzir é praticar um consumo consciente e responsável. Mas, atenção,reduzir não pode ser sinónimo de descartar impunemente o que temos;se assim for, estamos a gerar mais lixo, não a reduzi-lo.

Para reduzir

  • Pensar antes de comprar,ou adquirir, ou receber novos objetos.

  • Caso se confirme a necessidade de adquirir, privilegiar a compra

    em segunda mão.

  • Planificar melhor as nossas compras e ter noção real do que

    precisamos.

  • Comprar menos e apostar mais na qualidade, não na quantidade.

  • Doar a instituições cujo trabalho acompanhemos de perto; emprestar, trocar, vender aquilo de que não precisamos (é uma boa maneira de reunir os amigos e os vizinhos ou de dinamizar e juntar a comunidade e fomentar a economia circular local).

    • Tentar fazer os próprios produtos (DIY)] e encontrar alternativas entre os recursos que já possuímos.

 

Reutilizar

Juntamente com «Recusar», «Reutilizar» é o nosso grande aliado neste desafio. E o melhor? Se reutilizamos, não compramos e, se não comprarmos, evitamos nova extração de matérias-primas, energia associada à produção, ao transporte, bem como o impacto que o descarte do objeto pode ter.
Quando o praticamos, mudamos também o nosso paradigma de pensamento; passamos a valorizar a longevidade, a cuidar melhor do que possuí-mos (consertar, reparar), a amar mais o que temos. O impulso deixa de sercomprar e descartar, transformando-se criativamente em repetir o uso ou dar nova vida ao que já adquirimos.

Além de ser uma das melhores armas contra os descartáveis, este passotem ainda efeitos nanceiros imediatos, con gurando uma poupançainegável.

O que podemos reutilizar?
Praticamente tudo! Algumas ideias.

  • Os frascos que já temos em casa, em função do seu tamanho, podem ser usados como garrafas, copos, marmita, recipientes para compras a granel, para congelação, para armazenamento no frigoríico, objetos decorativos...
  • Os sacos que fomos recebendo (de plástico, de pano...) e acumulando são ótimos para transportar as compras.
  •  Caixas de cartão podem ser usadas para expedição ou mudanças, ou como organizadores.
  • Guardanapos de pano.
  • Talheres.
  • Marmitas e tupperware (para levar para o trabalho, para pedir takeaway, para ir à pastelaria).
  • Toalhas, lençóis e roupas antigas podem transformar-se em panos de limpeza, toalhitas desmaquilhantes e sacos para compras.

Reciclar

A reciclagem é uma parte essencial da gestão dos resíduos, mas não pode ser encarada como solução única para reduzir o desperdício. Não é por acaso que, na pirâmide dos R, aparece depois de «Recusar», «Reduzir» e «Reutilizar». 

Investigue na sua área qual a entidade responsável pela reciclagem. Perceba em detalhe quais os tipos de resíduos que devem ir para cada eco-ponto e quais não podem ir, sob pena de contaminarem o respetivo uxo.Averigue se e quando é feita a coleta seletiva. Procure também saber que instituições perto de si recebem os resíduos tóxicos ou perigosos e qual a farmácia mais perto para entregar medicamentos antigos. É muito útil (e muitas das empresas de tratamento de resíduos disponibilizam-no online) ter sempre em casa (por exemplo, afixado no frigorífico) o gráfico com os dias da recolha seletiva. 

Se, durante este processo inicial, detetar lacunas, se achar que faz falta um programa específico, entre em contacto com as devidas autoridades, faça chegar o seu e-mail, telefone, seja proa- tivo, use a sua voz de forma construtiva para o efeito.

A Quercus criou uma app, a WasteApp, que ajuda a separar correta- mente os resíduos e a encontrar o destino adequado para os bens de que nos queremos desfazer, indicando a localização mais próxima para a deposição de diferentes tipos de resíduos, incluindo os maisespecí cos e aqueles que levantam mais dúvidas. Vai encontrar resposta para o destino de cerca de 50 tipologias de resíduos diferentes.

Compostar

Compostar é também reciclar, dar uma nova vida aos resíduos orgânicos. Correspondendo a cerca de 50% dos resíduos que geramos, o seu destino mais recorrente é o aterro, uma vez que são descartados como lixo indiferenciado. Quando isso acontece, a matéria orgânica é simplesmente enterrada e desfaz-se por um processo anaeróbio, gerando gás metano. Ora, nãofaz sentido enterrar algo tão valioso. Através da compostagem, esta matéria orgânica transforma-se em adubo e fertiliza o solo, devolvendo-lhe os nutrientes, sequestra o carbono, sob a forma de celulose, e, assim, aquele permanece no solo por mais tempo, antes de se converter em gás metano ou dióxido de carbono.
Entre em contacto com a junta de freguesia ou câmara municipal dasua área de residência, para se informar de possíveis programas decompostagem ou de hortas comunitárias que possam receber os resíduos orgânicos, caso não consiga fazer compostagem doméstica. Fale com os produtores do mercado local ou com quintas nos arredores,para examinar a possibilidade de aceitarem o seu «balde» semanal dematéria orgânica.

A este modelo de sustentabilidade poderíamos ainda acrescentar novos«R», subjacentes aos anteriores. Destacamos: Reparar (para prolongar a vida dos objetos, de maneira que possam ser reutilizados); Repensar (o nosso consumo, as nossas ações e o seu impacto ambiental).

Assim, e voltando à nossa inspiração - Bea Johnson, "ao reduzirmos o lixo em nossa casa, concluiremos que a filosofia«desperdício zero» é a antítese daquilo que anteriormente teríamos imaginado. Não nos toma mais tempo e dinheiro: uma vez implementado, este estilo de vida permite-nos poupar tempo e dinheiro! É um estilo que não significa privações; em vez disso, enriquece a vida e proporciona uma maior disponibilidade para nos dedicarmos ao que mais importa: família, amigos, novas experiências, um estilo de vida com o lema Ser em vez de Ter. Desperdício Zero não é uma tendência, é uma necessidade."
5 dicas para reduzir o desperdício dentro de casa

O “lixo” é uma invenção humana

Na natureza e no seu sistema circular, a noção de “lixo” não existe, nada é descartado ou desperdiçado. Tudo se aproveita, tudo se transforma: as folhas que caem no Outono, os frutos amadurecidos pelo tempo que sucumbem e se acumulam no solo, as sementes que voam e atravessam distâncias, decompõem-se e voltam a ser vida.

O “lixo” é uma invenção humana, fruto de uma sociedade consumista, que extrai recursos e produz mais do que aquilo de que efetivamente precisa. Acumulamos objetos inúteis, descartando, enterrando e queimando esses mesmos objetos depois de os transformarmos rapidamente em resíduos. Esta sociedade linear do “deita fora” gerou esta crise de lixo que temos hoje entre mãos e que não tem fronteiras.

A sustentabilidade do nosso planeta vai, obviamente, muito para além da questão dos resíduos e da adoção de um estilo de vida low waste, mas reduzir a nossa produção individual de resíduos — consumindo menos, consumindo melhor, de forma mais responsável — é essencial para mitigar o impacto desses mesmos resíduos no ambiente, na nossa saúde e na saúde do planeta. Não é a única via, mas é uma via importante.

O “mantra” dos R

Antes de avançarmos para as dicas práticas, partilho uma metodologia que o vai ajudar e inspirar. Desenvolvido por Bea Johnson(1), o modelo dos “R” é simples, mas revolucionário, baseando-se em cinco passos fáceis. Faça dele o seu “mantra” para iniciar e guiar a mudança.

“Recuse aquilo de que não precisa; reduza aquilo de que precisa; reutilize aquilo que consumir; recicle o que não puder recusar, reduzir ou reutilizar; e composte tudo o resto.”

Estes passos devem ser dados nesta ordem e atuam simultaneamente ao nível da prevenção dos resíduos (primeiro e segundo), do consumo mais consciente (terceiro) e do processamento do desperdício (quarto e quinto).

Tendo em atenção estes “R”, aqui ficam 5 pequenos gestos, com grande impacto:

1. Faça uma auditoria ao seu caixote do lixo

Para reduzir o que quer que seja, é fundamental conhecermos bem o nosso ponto de partida e perceber a situação “real”.

Estamos tão habituados a descartar, sem pensar, num gesto automático e rotineiro, a guardar o lixo em sacos escuros e opacos, e a colocá-los depois em ecopontos subterrâneos, que, muitas vezes, não temos noção (inclusivamente visual) da quantidade efetiva de resíduos que geramos. O facto de todo o processo se desenrolar longe da vista leva-nos a permanecer numa espécie de “alienação feliz”, acreditando que deitámos efetivamente “fora” o desperdício e que, como tal, deixa de ser responsabilidade nossa. “Fora”? Onde está o “fora”?  A verdade é que o “fora” não existe.

Depois da “radiografia” ao nosso caixote do lixo, é fácil perceber quais são os itens que mais contribuem para a produção de resíduos lá em casa e procurar alternativas mais ecológicas.

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2. Planifique bem as compras e privilegie o granel

Faça sempre uma lista de compras com antecedência, em função das reais necessidades e das refeições que vai fazer. Verifique sempre antes a despensa.  Tenha em conta as quantidades que gasta e com que regularidade. Compre mais vezes e menos quantidades.

Quando opta por comprar a granel, está, por um lado, a recusar embalagens desnecessárias (leve os seus próprios recipientes e sacos) e, por outro, a consumir de forma mais responsável, adquirindo somente as doses certas e combatendo o desperdício alimentar.

4. Aproveite ao máximo os alimentos e os restos

Recupere as antigas tradições e receitas das avós: nada como um bom caldo de legumes feito com os talos e ramos dos vegetais; as cascas de algumas frutas servem para fazer infusões bem aromáticas; as sementes podem ser tostadas no forno ou usadas para fazer bebida vegetal; o pão antigo ressuscita sob a forma de torradas; legumes murchos e tristes transformam-se numa salada vibrante; a fruta mais madura dá para fazer compotas, tartes.

O frigorífico é um grande aliado numa cozinha sem desperdício. Guarde no congelador, para mais tarde usar (fora da estação, por exemplo), fruta madura, legumes e ervas aromáticas em risco de murchar (picar e congelar nas cuvetes de gelo com azeite), leguminosas já demolhadas, pão que passou do prazo já fatiado, cascas para fazer caldo, frutos vermelhos da época e outra fruta sazonal, tomate e molho de tomate, polpa de leite de frutos secos; enfim, tudo o que estiver em risco de vida pode ser reanimado graças a este poderoso eletrodoméstico.

Caso não consiga aproveitar tudo, não coloque no lixo indiferenciado. Doe os seus resíduos orgânicos através da aplicação ShareWaste ou experimente a compostagem caseira.

5. Faça os seus próprios produtos

É frequente termos em casa um armário a abarrotar de detergentes de limpeza ou de produtos de beleza. E a quantidade de embalagens que acumulamos nesses recantos? A publicidade e as marcas fizeram-nos acreditar que para cada situação, ou área, ou parte da casa há um produto específico, e nós acumulamos embalagem sobre embalagem, esquecendo que, muitas vezes, o princípio ativo é o mesmo em tantos deles. Muitos dos produtos de limpeza têm também microplásticos, que acabam por, através das vias de saneamento, ir parar aos oceanos. Há alternativas caseiras viáveis (e muito mais económicas!), cuja eficácia já foi (a)testada e comprovada pela sabedoria dos nossos avós. Mais, estas receitas são feitas a partir dos ingredientes da despensa. É possível ter só um ou dois produtos multifuncionais e reduzir por completo a quantidade de resíduos que geramos. Para quem não tem tempo ou simplesmente não quer fazer em casa os seus produtos de limpeza, há cada vez mais marcas ecológicas, certificadas, a granel ou com embalagens conscientes e low waste.

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A revolução começa em cada um de nós e em nossas casas.

Reduzir o desperdício é, antes de mais, reduzir o consumo e olhar para os recursos que já temos e aproveitá-los da melhor maneira. A revolução começa em cada um de nós e em nossas casas. Com passos pequeninos. Podemos nunca chegar ao zero desperdício, mas vale a pena tentar. É essa a força da utopia. Não interessa por onde começa, como começa, o importante é mesmo isso: começar. Porque, como diz Miguel Torga: “o que importa é partir, não é chegar”. Comece já. Vamos juntos!

Nota bibliográfica:

(1) Johnson, Bea, “Desperdício Zero”, Lisboa, Editorial Presença, 2017

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Reduzir na Cozinha

Cá em casa, a revolução começou pela cozinha. Passo a passo, devagarinho. 

Há pouco mais de quatro anos, se entrassem nesta divisão e abrissem os nossos armários, iam encontrar embalagens de todas as formas e feitios, de tudo e mais alguma coisa – um verdadeiro arquivo, infelizmente.

Eram vários armários a abarrotar de coisas em que não tocava há séculos e que nem sabia que tinha, porque estavam nos confins das prateleiras, pouco acessíveis e pouco visíveis. Por isso, o primeiro passo foi tirar tudo cá para fora. 

Coloquei o “espólio” em cima do balcão da cozinha, limpei as prateleiras e os armários e salvei todos os frascos que já tinha. Vi o que tinha repetido e o estado de cada um dos produtos. Reorganizei tudo. Distribuí os produtos pelos frascos em função da sua rotatividade (por exemplo, os flocos de aveia ficaram num frasco bem maior). Agrupei por “famílias” de alimentos. Ficou tudo bem mais leve, ganhei espaço. E ficou tudo bem mais bonito do que o “caos criativo” que ali tinha.

Dicas para reorganizar a despensa:

1 - Guarde todos os produtos que tem na despensa em frascos

Vantagens: controlamos de forma mais eficaz o estado dos alimentos; percebemos melhor de que alimentos precisamos de nos abastecer – facilita a construção da lista de compras; monitorizamos melhor as quantidades efetivas de que precisamos – reduzimos o desperdício; mais organização; maior acessibilidade aos produtos;

2 - Não compre frascos novos, reutilize os que já tem

Tire partido dos diferentes tamanhos e formatos: frascos maiores para os produtos com maior rotatividade, frascos mais pequenos e mais escuros para produtos mais sensíveis;

3 - Pode legendar cada frasco com a ajuda de marcadores próprios para vidro ou com etiquetas;

4 - Procure organizar os produtos por “famílias”:

○ especiarias, aromáticas e temperos;  ○ frutos secos, sementes, pevides;
○ 
cereais, pseudocereais;                         ○ cereais de pequeno-almoço;
○ 
leguminosas;                                              ○ farinhas;
○ 
gorduras e óleos;                            ○ chocolates, bolachas…;
○ 
superalimentos;                              ○ chás e infusões.

5 - Dê preferência ao granel e à mercearia seca (leguminosas, por exemplo) para se reabastecer;

6 - Para evitar pragas nos produtos mais suscetíveis, uma mezinha antiga: folha de louro e cravinho dentro do recipiente;

7 - Esterilize sempre os frascos antes de colocar alimentos.

Um truque do Jamie Oliver: para os frascos – forno durante 10 min. a 180º C; para as tampas – em água a ferver durante 10 min;

8 - Para remover rótulos teimosos:

deixar de molho em água quente ou, para os mais difíceis, fazer uma pasta de azeite e bicarbonato de sódio, aplicar, deixar atuar durante umas horas e depois retirar.
Inspirações para reorganizar a sua despensa:
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E aqui fica também a minha homenagem às “naves” que mais me inspiram:

@saradsdiniz 
Aautora do termo “Nave”, que elevou as despensas “zerowaste” a outro patamar, de outro mundo (para conhecerem a história deste termo, oiçam o episódio com esta convidada do podcast da Maria Granel);

@catarinafpb
Ai poemas entre frascos e o meu coração suspira;

@a.face.verde
Entre plantas lindas e livros;
@iamisabelsilva
Adoro os frasquinhos do bem da “incríbel” Belinha;
@branco_cha
As caixas antigas num armário recuperado, que lindo;
@brunomlalves
Uma despensa vegan cheia de alimentos nutritivos e saudáveis;
@raquelvareda
Que reorganizou a dela – e está incrível;
@madebychoices
Vânia é a deusa da organização;
@alhofrances
Frascos empilhados ao milímetro;
@magtanny
Linda e luminosa;

@joanamlimao
Todo um mundo de frasquinhos cheios dos melhores ingredientes numa subcave inspiradora;

@ines_3d
O cantinho cheio de amor e memórias da Inês
@kitchendates
As prateleiras do restaurante e de casa – local, bio, vegan e sem embalagens;
@martilicious_food
Maravilhosa.

Frigorífico

O frigorífico e o congelador são dois poderosos aliados no combate ao desperdício alimentar. O melhor truque para otimizar o seu potencial é pensar neles como uma espécie de despensa, mas refrigerada.

Também aqui podemos recorrer a frascos e contentores, assim como a sacos de algodão, antigos turcos, panos de cozinha e guardanapos humedecidos e aos panos encerados, um substituto da película aderente. 

E há ainda uma opção do tempo das nossas avós: usar pratos ou toucas de pano com elástico para tapar taças ou recipientes.

O que guardar em cada recipiente?

No frigorífico:

  • Nos frascos e contentores ficam armazenados restos de refeições para reutilizar e reaproveitar, compotas, caldos, ervas aromáticas (com água); 
  • Nos sacos de pano mais grossos (podemos reutilizar os velhos turcos de banho), que passo por água e torço, deixo os verdes (funciona e prolonga a vida aos alimentos por mais semanas).

No congelador:

Para o congelador, podemos usar também frascos, contentores e sacos de silicone, para acondicionar legumes já cortados, fruta mais madura, pão já fatiado e refeições preparadas de antemão.

Como armazenar corretamente os alimentos?
 
Aqui fica uma lista com dicas para prolongar a vida dos alimentos.

Fonte: Berkeley Ecology Center, que dirige o Berkeley Farmers Market.

Fruta

  • Amoras e framboesas – São frágeis, por isso, guardar num só nível ou camada. Não lavar até ao momento de comer. Guardar em saco ou caixa de papel;
  • Cerejas – Guardar em contentor fechado. Não lavar até ao momento de comer, pois qualquer humidade dá origem a bolor;
  • Figos – Não gostam de humidade, por isso, nada de recipientes fechados. Um saco de papel serve para absorver excesso de humidade. Guardar num prato no frigorífico também resulta;
  • Frutos cítricos – Guardar em local fresco, com circulação de ar, nunca num contentor sem ar;
  • Maçãs – Guardar num armário ou prateleira até duas semanas. Para prazos mais longos, colocar numa caixa de cartão no frigorífico;
  • Melões – Sem terem sido abertos, guardar num lugar fresco e seco, longe da luz solar. Já abertos, guardar no frigoríco em recipiente aberto. Um prato serve;
  • Morangos – Não gostam de estar molhados. Guardar num saco de papel no frigoríco até cerca de uma semana. Ir verificando regularmente o estado de humidade;
  • Pêras – Aguentam-se por algumas semanas em cima de um balcão ou num armário fresco, num saco de papel. Para acelerar o amadurecimento, coloque uma maçã no meio;
  • Pêssegos, damascos e nectarinas – Guardar em local à temperatura ambiente ou no frigorífico, quando totalmente maduros;
  • Romãs – Aguentam até cerca de um mês, se estiverem guardadas num local fresco;
  • Tâmaras – As mais secas (Deglet Noor) podem ser guardadas num armário, numa tigela ou num saco de papel; as mais carnudas e húmidas (Medjool) precisam de ir ao frigorífico, guardadas num pano ou saco de papel (tem de ser poroso, para deixar passar o ar e impedir a criação de bolor à superfície).

Leguminosas:

Dar preferência, sempre que possível, a leguminosas em grão e biológicas, evitando as enlatadas, já cozidas, que podem conter conservantes, aditivos e sal. Comprar a granel e armazenar na despensa, em local frio e seco, em frascos de vidro, ou também no frigorífico. Não exceder os seis meses. Podem ser também germinadas.

Já cozidas, aguentam três a quatro dias no frigorífico e cerca de quatro meses congeladas.

Vegetais

Tenha sempre o cuidado de retirar cordões, atilhos ou borrachas, para que consigam respirar melhor.

  • Abacates – Colocar num saco de papel à temperatura ambiente. Para acelerar o amadurecimento, colocar também uma maçã dentro do saco;
  • Abóboras – Guardar num sítio fresco, escuro e bem ventilado;
  • Aipo – Colocar num frasco raso de água no balcão ou cortar os talos e manter dentro de água no frigorífico. A raiz pode ser envolvida num pano húmido e colocada na zona mais fresca do frigorífico;
  • Alcachofras – Guardar em recipiente fechado;
  • Alho – Guardar em sítio fresco e escuro;
  • Batatas – Tal como o alho e as cebolas, guardar numa caixa ou saco de papel num sítio fresco, escuro e seco, com boa circulação de ar. Nunca colocar no frigorífico. O mesmo com a batata-doce;
  • Beterraba – Cortar a rama (guardar esses verdes num recipiente bem fechado, envoltos em pano húmido bem torcido). Lavar, guardar num recipiente aberto e cobrir com pano húmido grosso;
  • Brócolos – Guardar em recipiente aberto na parte mais fresca do frigorífico;
  • Cebolas – Guardar num sítio fresco, escuro e seco, com boa circulação de ar;
  • Cenouras – Retirar a rama e cortar o topo. Devem ser guardadas num recipiente fechado bem húmido (com água ou com toalha molhada);
  • Couves-de-bruxelas – Colocar num recipiente aberto no frigorífico, coberto por uma toalha húmida;
  • Couve-flor – Guardar dentro de recipiente fechado no frigorífico;
  • Curgetes – Podem ficar fora do frigorífico por alguns dias; depois, envolver num pano e colocar no frigorífico para resistirem mais tempo;
  • Espargos – Guardar soltos num frasco com água à temperatura ambiente. Aguentam até cerca de uma semana fora do frigorífico;
  • Espinafres – Guardar soltos num recipiente aberto na parte mais fresca;
  • Feijões – Guardar em frasco, em lugar seco, antes de demolhar. Depois de demolhados, se não forem entretanto comidos, congelar;
  • Feijão-verde – Preserva-se bem húmido, mas não molhado. Envolver em pano húmido e colocar num recipiente;
  • Funcho e salsa – Colocar dentro de um frasco com água no frigorífico;
  • Manjericão – Aí está um caso difícil! Não gosta do frio nem de estar molhado. O melhor método é guardar num frasco com um pedaço de pano húmido dentro. Deixar fora do frigorífico numa zona fresca;
  • Nabos – Retirar a rama (guardar separadamente) e guardar num recipiente aberto com um pano húmido;
  • Pepinos – Guardar envolvidos num pano húmido no frigorífico;
  • Repolho – Resiste até cerca de uma semana fora do frigorífico, num sítio fresco. Retirar as folhas exteriores quando começarem a murchar;
  • Rúcula – Tal como a alface, não se deve guardar molhada. Mergulhe em água fria, remexa e sacuda muito bem. Deixe secar. Colocar num recipiente aberto, envolvida num pano húmido muito bem torcido;
  • Tomate – Nunca colocar no frigorífico. Deixar sobre o balcão da cozinha. Dependendo do grau de amadurecimento, aguentam até cerca de duas semanas. Para acelerar amadurecimento, colocar o tomate dentro de um saco de papel e acrescentar uma maçã;
  • Verduras – Remover cordões, faixas, atilhos e manter num recipiente bem fechado, envolvidas em pano húmido.
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Casa de banho

Depois da cozinha, a casa-de-banho era a divisão cá em casa que mais lixo gerava. Muitas embalagens plásticas, muitos produtos diferentes, cada um com um propósito específico: champôs (mais do que um, não fosse o cabelo mudar subitamente de temperamento...), amaciadores, máscaras, gel de banho (diferentes aromas, claro, pele sensível; efeito exfoliante; efeito hidratante...), creme hidratante para o corpo e outro para o rosto, esfoliante corporal, cremes para as mãos e para os olhos, tónico, desmaquilhante, máscaras faciais, gel para o cabelo, desodorizante, perfumes, maquilhagem, cotonetes, pensos higiénicos e tampões, fita dentária, pasta de dentes, escovas de dentes, lâminas de barbear, toalhitas desmaquilhantes... E podia continuar com esta longa enumeração por mais linhas... 

Destralhar a casa-de-banho

No dia em que me sentei para «destralhar», como fizera nas outras áreas da casa, analisei aquilo que acumulara e tentei ver o que efetivamente usava. Separei um monte (literalmente) de embalagens. Completamente obsoletas. Algumas por usar, muitas fora do prazo. Lembro-me bem de um produto em concreto, um tratamento para escalpe sensível que me foi completamente impingido e que eu trouxe para casa e que nunca cheguei a usar. Ou de uma embalagem quase cheia de creme antiestrias que prometia tudo e não fez nada — as estrias continu(av)am lá, tal como a embalagem.

E, assim, as embalagens foram-se acumulando num enorme arquivo morto, sem sentido, esquecido e disfarçado dentro de um armário de casa-de-banho. Aliás, é muito curioso e irónico, porque, em determinada altura, eu achava que a casa-de-banho não tinha arrumação nenhuma, que fazia falta um armário debaixo do lavatório. Pois bem, depois das mudanças que adotei e depois de ter analisado o que, de facto, usava, este armário deixou de ser necessário. O que uso hoje cabe perfeitamente na borda da banheira e em cima do lavatório. O problema não era falta de arrumação; era o excesso de produtos! Também aqui, menos foi (e é) mais.

Dicas para reduzir o desperdício
na casa-de-banho:

  1. Faça uma “auditoria” - retire tudo o que tem dos armários, agrupando os produtos por funcionalidades (cabelo, rosto, corpo, higiene...) e verifique o estado e as validades. Analise também quais são os produtos repetidos ou com uso similar;
  2. Gaste até ao final os produtos em bom estado e os repetidos - no final de vida, se possível, corte a embalagem com a ajuda de uma tesoura (vai ver que ainda há muito produto para aproveitar). Dê às embalagens o destino correto (consulte a WASTEAPP, da Quercus, para ter acesso à localização dos pontos de descarte responsável mais perto de si);
  3. Se tiver de adquirir embalagens (elas são fundamentais em alguns produtos, para, por exemplo, garantir as  suas propriedades, benefícios e eficácia), opte pelo tamanho familiar;
  4. Reduza o número de produtos através de opções multifuncionais - por exemplo, pode recorrer ao óleo de coco, de amêndoa ou de argão ou à manteiga de karité e tirar partido das suas múltiplas aplicações (rosto, cabelo, corpo).
Cabelo
  1. Experimente comprar champô a granel ou champô sólido; o mesmo com os amaciadores. Há já muitas marcas (e com elevada qualidade) no mercado.
Corpo

  1. Em vez de gel de banho em embalagem, opte por sabonete ou compre o gel a granel;
  2. Use óleo (em frasco ou a granel) como hidratante: de coco, de amêndoa, de argão ou manteiga de karité;
  3. Experimente fazer receitas caseiras de esfoliante a partir de ingredientes da despensa ou de desperdício alimentar, por exemplo, borra de café (junte-lhe azeite ou mel);
  4. Em vez de esponja de banho ou puf, use uma lufa, por exemplo, ou faça um disco em crochê;
  5. Desodorizante - pode fazer em casa (passo a passo aqui) ou opte por uma versão sólida ou em cartão/lata ou ainda pela pedra de alúmen;
  6. Use um aparelho de barbear com lâminas recarregáveis para fazer depilação;
  7. Use óleos corporais como perfume (óleo de coco e umas gotas de óleo essencial);
Rosto 

  1. Recorra a óleo de coco ou de amêndoa para remover a maquilhagem;
  2. Em vez de toalhitas ou discos descartáveis, recorra a discos reutilizáveis ou pequenas toalhas;
  3. O ritual de limpeza pode ser feito também com sabonete puro vegetal (à base de azeite, por exemplo) ou com farinha de arroz, amêndoa ou aveia;
  4. Faça uma vaporização facial, colocando camomila numa tigela de água quente;
  5. Para fazer uma máscara facial pode recorrer a argila, água e a pós vegetais;
  6. Para hidratar a pele, use águas florais, infusões frescas;
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Higiene oral

  1. Quando tiver de renovar a escova de dentes, opte por uma com cabeça amovível ou por escova de madeira (para evitar humidade, nunca a pouse na vertical ou em recipiente fechado);
  2. Use pasta de dentes sólida ou em frasco de vidro ou em tubo 100% reciclável;
  3. Opte por fio dentário em materiais com menos impacto pós-consumo do que o plástico (fibra de bambu, por exemplo);
Menstruação

  1. Recorra a pensos reutilizáveis e/ou coletor menstrual e cuecas menstruais;
Outros

  1. Em vez de cotonetes com haste de plástico, opte por reutilizáveis ou compostáveis ou por simplesmente não usar.

Dicas para reduzir o desperdício
na casa-de-banho:

  1. Faça uma “auditoria” - retire tudo o que tem dos armários, agrupando os produtos por funcionalidades (cabelo, rosto, corpo, higiene...) e verifique o estado e as validades. Analise também quais são os produtos repetidos ou com uso similar;
  2. Gaste até ao final os produtos em bom estado e os repetidos - no final de vida, se possível, corte a embalagem com a ajuda de uma tesoura (vai ver que ainda há muito produto para aproveitar). Dê às embalagens o destino correto (consulte a WASTEAPP, da Quercus, para ter acesso à localização dos pontos de descarte responsável mais perto de si);
  3. Se tiver de adquirir embalagens (elas são fundamentais em alguns produtos, para, por exemplo, garantir as  suas propriedades, benefícios e eficácia), opte pelo tamanho familiar;
  4. Reduza o número de produtos através de opções multifuncionais - por exemplo, pode recorrer ao óleo de coco, de amêndoa ou de argão ou à manteiga de karité e tirar partido das suas múltiplas aplicações (rosto, cabelo, corpo).
Cabelo
  1. Experimente comprar champô a granel ou champô sólido; o mesmo com os amaciadores. Há já muitas marcas (e com elevada qualidade) no mercado.
Corpo

  1. Em vez de gel de banho em embalagem, opte por sabonete ou compre o gel a granel;
  2. Use óleo (em frasco ou a granel) como hidratante: de coco, de amêndoa, de argão ou manteiga de karité;
  3. Experimente fazer receitas caseiras de esfoliante a partir de ingredientes da despensa ou de desperdício alimentar, por exemplo, borra de café (junte-lhe azeite ou mel);
  4. Em vez de esponja de banho ou puf, use uma lufa, por exemplo, ou faça um disco em crochê;
  5. Desodorizante - pode fazer em casa (passo a passo aqui) ou opte por uma versão sólida ou em cartão/lata ou ainda pela pedra de alúmen;
  6. Use um aparelho de barbear com lâminas recarregáveis para fazer depilação;
  7. Use óleos corporais como perfume (óleo de coco e umas gotas de óleo essencial);
Rosto 

  1. Recorra a óleo de coco ou de amêndoa para remover a maquilhagem;
  2. Em vez de toalhitas ou discos descartáveis, recorra a discos reutilizáveis ou pequenas toalhas;
  3. O ritual de limpeza pode ser feito também com sabonete puro vegetal (à base de azeite, por exemplo) ou com farinha de arroz, amêndoa ou aveia;
  4. Faça uma vaporização facial, colocando camomila numa tigela de água quente;
  5. Para fazer uma máscara facial pode recorrer a argila, água e a pós vegetais;
  6. Para hidratar a pele, use águas florais, infusões frescas;
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Higiene oral

  1. Quando tiver de renovar a escova de dentes, opte por uma com cabeça amovível ou por escova de madeira (para evitar humidade, nunca a pouse na vertical ou em recipiente fechado);
  2. Use pasta de dentes sólida ou em frasco de vidro ou em tubo 100% reciclável;
  3. Opte por fio dentário em materiais com menos impacto pós-consumo do que o plástico (fibra de bambu, por exemplo);
Menstruação

  1. Recorra a pensos reutilizáveis e/ou coletor menstrual e cuecas menstruais;
Outros

  1. Em vez de cotonetes com haste de plástico, opte por reutilizáveis ou compostáveis ou por simplesmente não usar.

Inspirações

Cátia Curica
Autora das receitas de desodorizante e pasta de dentes que uso e faço em casa;
Fê Canna
Criadora do ritual de cuidados faciais naturais que adotei em casa, com ingredientes da despensa.
  

Fora de Casa

Dentro da nossa casa talvez seja mais fácil reduzir e controlar o desperdício, mas fora nem sempre temos possibilidade de escolha e somos mais bombardeados com descartáveis.  

Os maiores desafios costumam surgir quando temos de fazer uma refeição fora, quando vamos a um restaurante ou bar ou precisamos de comprar um snack ou uma bebida. Neste momento de desconfinamento progressivo e de regresso ao trabalho as marmitas continuam a revelar-se uma boa forma de reduzir o desperdício, de manter uma alimentação saudável (porque controlamos melhor o que comemos) e também de levarmos um bocadinho de nossa casa connosco. 

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O MEU KIT
  • Porta-talheres. É prático e fácil de arrumar, cabe em todo o lado e ajuda a manter todos os objetos juntos num só sítio; pode costurar o seu a partir de desperdício, recuperar as antigas bolsas de guardanapos ou lancheiras que levávamos para a escola ou simplesmente enrolar num guardanapo de pano antigo.

  • Guardanapo de pano antigo reutilizado. Os guardanapos de papel não são recicláveis, além de a sua produção representar um desperdício enorme de recursos vitais e de energia.

  • Talheres (faca, garfo e colher). Reutilizo os de lá de casa. Só neste gesto, pense no número de descartáveis (e nos saquinhos de plástico em que estão normalmente acondicionados) que evitou.

  • Palhinha reutilizável. A palhinha de plástico, pelo seu calibre, não é reciclável e é muito frequente ir ter ao mar, acabando por matar animais marinhos que a ingerem. Confesso que não a uso muito e ando mais com ela por prevenção.

  • Caso use, pauzinhos reutilizáveis (e diga não aos descartáveis).

  • Garrafa ou copo reutilizáveis (leve o seu chá já preparado, reabasteça-se de água da torneira ou do bebedouro, sirva-se na máquina de café; diga não às garrafas de água de plástico e aos copos descartáveis).

  • Pano encerado ou bolsa de silicone ou contentores reutilizáveis para guardar snacks (para embalar frutos secos ou outro tipo de snacks; são reutilizáveis e facilmente laváveis.

  • Marmita(s) para levar a refeição ou para ir buscar comida ou simplesmente para guardar um snack; em viagem, também uso para guardar o champô e o sabonete.

  • Saco(s) de pano reutilizado(s) para compras ou para qualquer necessidade, de forma a poder recusar o saco de plástico

DICAS
  • Avise logo no ato do pedido, ao balcão de qualquer serviço alimentar (cantina, restaurante, café), que não quer descartáveis; mostre logo o seu porta-talheres.

  • Quando pedir uma bebida, faça o mesmo: avise que não quer palhinhas e mostre a sua. Deixe sempre essa sugestão no estabelecimento, para que adotem palhinhas reutilizáveis ou compostáveis.

  • Recuse chás embalados ou em saqueta (embora não pareça, as saquetas de chá são feitas com diferentes tipos de plástico); leve o seu próprio saquinho de algodão bio ou chá a granel.

  • Leve a sua refeição numa marmita. Desta forma, não só poupa, não indo a um restaurante e aproveitando os restos de casa, como evita os descartáveis.



O poder dos pequenos gestos

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-dizer «NÃO, MUITO OBRIGADA!» a brindes, publicidade, descartáveis.

-planificar bem as compras; comprar menos quantidade e apostar na qualidade.

-evitar processados e embalados, fazendo as próprias refeições com alimentos "de verdade".

-comprar a granel.

-levar e reutilizar os próprios sacos e contentores.

-escolher legumes e fruta "feios" ou fora dos padrões ("quem vê caras "não vê sabores).

-aproveitar ao máximo os alimentos (talos, cascas, sementes) e dar nova vida aos restos .

-acondicionar e preservar corretamente os alimentos.

-fazer o "download" de aplicações que combatem o desperdício (Phenix Portugal; Too Good to Go) - incluir links

fazer compostagem caseira ou doar os resíduos orgânicos através da "ShareWaste" APP - incluir link.

-separar os resíduos e reciclar.

-fazer os próprios produtos de limpeza, higiene e beleza ou substituir por produtos sem embalagem plástica ou comprar a granel.

-optar por escovas de dentes de madeira (ou de cabeça amovível).

-não usar cotonetes de plástico.

-dizer "NÃO" às palhinhas.

-andar sempre com um kit de talheres e guardanapo de pano.

-levar marmita.

-andar sempre com uma garrafa reutilizável e (re)abastecer.

-comprar menos e em segunda mão.

-deixar sugestões de melhoria a marcas e serviços e instituições.

-envolver(-se em) comunidade nesta revolução com o exemplo.