Naturalmente doces, biológicos, cultivados a partir de uma abordagem regenerativa e de respeito à terra - estes são alguns dos elementos que garantem a qualidade dos nossos doces e trufas de figo. Como os nossos próprios fregueses dizem - “É irresistível sair da loja sem experimentar”. Há quem os leve para adoçar o dia de alguém ou mesmo para uma pausa nutritiva. Estas delícias são produzidas em Portugal numa quinta familiar centenária. É essa história que te contamos hoje, para isso, convidamos a gestora, Margarida Domingos, para uma doce conversa. 

 

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De onde vêm os nossos doces e trufas de figo?                                                                                                                             

Aninhada entre uma Reserva Natural a histórica vila de Castro Marim e as intermináveis ​​praias de areia do Algarve, encontra-se a ativa Quinta da Fornalha, uma propriedade tradicional de 35 hectares, rodeada por 12 hectares de pomares mediterrânicos orgánicos com figueiras, laranjeiras, oliveiras e alfarrobeiras. 

 A Quinta da Fornalha é um local que resistiu ao tempo graças ao amor pela terra, estando na família há 250 anos; reiniciou as suas atividades em 2008 e já em 2010 recebeu a sua certificação biológica, uma das primeiras quintas a ter esse estatuto na região. 

 O sucesso dos doces e trufas de figo nas nossas lojas é tanto que acaba por traduzir todo o amor envolvido e dedicado, há anos, à terra e ao processo de produção dos alimentos. “A Quinta da Fornalha está na família há 250 anos com produção de frutos. A nossa figueira principal foi plantada pelo avô da Rosa, a atual proprietária da quinta, há pelo menos 50 anos”, diz Margarida. 

 

Figos duas vezes por ano

A natureza é generosa na Quinta da Fornalha, retribui abundantemente com duas colheitas de figo por ano, facto incomum no resto da Europa e que faz do fruto o principal foco agrícola da quinta. “Temos estado ativos na produção de figos para exportação desde 2015. Além dessa produção, também colhemos alfarroba, laranja e amêndoas para serem transformadas em produtos para nossa loja e restaurante”, explica, Margarida.

 Margarida conta-nos ainda que Rosa Dias, uma algarvia de 39 anos, é a quarta geração da família e está, há 13 anos, comprometida em perpetuar o saber ancestral daquela região. “Senti a necessidade de voltar às terras da minha família, certificadas como biológica há mais de 20 anos, para evitar o seu abandono e a perda de todo o conhecimento oral tradicional sobre o manejo de pomares em situação de escassez de água”, relata Rosa. 

 

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Um olhar holístico para a terra: da desertificação à regeneração 

Um dos objetivos da Quinta da Fornalha é promover as transformações necessárias para que a terra supere o estado de desertificação (degradação do solo devido a atividades humanas e variações climáticas) e fortaleça-se sob os princípios da regeneração. 

“Continuamos a apoiar e a experimentar práticas regenerativas através do desenvolvimento da gestão agroflorestal e da aplicação dos princípios da permacultura e do conhecimento tradicional e local”, diz Margarida. 

Quando a temática é o processo de desertificação, as atenções estão, ou deveriam estar, na região do Algarve. Segundo o projeto SIDS Algarve - Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, o Algarve é uma das regiões europeias que apresenta um dos riscos mais elevados de desertificação a nível do solo, floresta, água e clima, associado aos incêndios, seca, alterações climáticas e gestão de água. 

Atentos e por viverem na “pele” (na terra) às consequências severas do processo de desertificação, a Quinta da Fornalha aposta na regeneração que consiste no restabelecimento do solo por meio de abordagens de design consciente, agricultura biológica e agroecologia. 

“Entender como trabalhar com a natureza e não contra ela permitirá que meus filhos tenham um futuro aqui. Porque onde vivemos é uma área pré-desértica de influência dos ventos quentes do Saara, a má gestão das terras pode permitir que ela se espalhe por aqui. E assim tornando-se insuportável para a sobrevivência humana”, comenta Rosa através de um pequeno manifesto.    

 

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Uma quinta de portas abertas 

Como forma de se reinventar, a Quinta decidiu implementar um plano de negócios multifacetado, aproveitando a localização privilegiada, a dimensão da propriedade e os recursos humanos, económicos, climáticos e ambientais que nela habitam. Assim, conseguem receber e proporcionar uma experiências especial aos seus visitantes que podem desfrutar do restaurante (tudo o que ali é servido vem de um raio de apenas 5 km de distância); casas de hóspedes; programas de voluntariado para as apanhas de figo e uma variada gama de delícias produzidas ali mesmo, à mão: manteiga de alfarroba e amêndoa, azeite extra virgem misturado com ervas aromáticas, flor de sal, figos secos, chutney de figo e compotas. 

​Projetos como o da Quinta da Fornalha enchem-nos de orgulho e de esperança por encontrarem no saber-ancestral uma ferramenta de transformação de vidas e paisagens.

 

Até já!