Uma palavra - e uma prática - que se faz cada vez mais presente – “compostagem”. Ela está em alta (e ainda bem!), já que a crise do lixo e do excesso de resíduos que geramos é um problema global.

Concentrando-nos em Portugal, os números também são preocupantes. Segundo o INE – Instituto Nacional de Estatísticas, em 2018 foram recolhidas 5,2 milhões de toneladas de de lixo, sendo 40% de resíduos biodegradáveis. São cerca de 1,4 quilos de lixo descartados diariamente por pessoa.

O cenário embora assustador, traz-nos uma oportunidade única para mudarmos os nossos hábitos.

E é aqui que a “compostagem” surge como uma das soluções.

Fazer compostagem em casa é simples, higiénico, reduz o lixo orgánico que iria para os aterros, contribui para a diminuição das emissões dos gases do efeito estufa e ainda minimiza a poluição do solo e das águas subterrâneas.

Mas afinal, o que é lixo orgânico?

É aquele resíduo que tem origem vegetal ou animal: restos de verduras e frutas, cascas de ovos, restos de chás e outros.

E a compostagem?

É vida! É o ato de devolver à terra o que a terra nos dá. É uma forma simples de transformar os restos de alimentos em adubo nutritivo que poderá alimentar as suas plantinhas e até as dos seus vizinhos.

Como?

Uma composteira é formada por três ou mais caixas de plástico empilhadas. Pode reutilizar baldes, desde que seja do mesmo formato e tamanho.

As caixas que estão na parte superior são as digestoras, onde ocorrerá o processo de compostagem dos resíduos. A última caixa é a coletora do chorume – um líquido resultante do processo de decomposição. Um excelente fertilizante natural.

Cada uma das caixas, com exceção da última, terão pequenos furinhos por onde passarão os microrganismos decompositores.

Na hora de escolher o tamanho da sua composteira, considere o número de pessoas que vive na casa e a quantidade de resíduos gerada.

Composteira pequena (2 caixas digestoras e 1 coletora): para família de até 4 pessoas.

Composteira média (3 caixas digestoras e 1 coletora): para família de 5 à 6 pessoas.

Composteira grande (4 caixas digestoras e 1 coletora):  para família de 7 à 8 pessoas.

Composteira a funcionar

Uma vez escolhido o tamanho da sua composteira, está na hora de a montar para “transformar” os restos de alimentos em um poderoso adubo.

Mãos à obra!

  • Na caixa superior, coloque ¼ de terra;
  • Na sequência, deposite os resíduos orgánicos (restos de legumes, frutas, cascas);
  • Cubra os resíduos com o dobro de matéria seca (serragem, folhas secas, restos de poda).
  • É possível e recomendável, colocar minhocas dentro deste “preparado”. Além de higiénicas, aceleram o processo de decomposição e ainda enriquecem o adubo.

Imagem: Helena Loução

E pronto! Agora é só “alimentar” a sua composteira!

DICAS:

  • Mantenha a composteira em um lugar arejado e protegido do sol.
  • Lembre-se de mexer o conteúdo da caixa duas vezes por semana.
  • Não coloque restos de carnes e laticínios, eles podem desestabilizar o sistema, além de causar mau-cheiro e atrair insetos.

Quando a caixa de cima estiver completa, troque com a caixa de baixo, e recomece todo o processo.

Quando as duas caixas estiverem cheias deixem as descansar por aproximadamente 30 dias. Após este período você terá um precioso adubo.



O chorume, que ficará depositado na última caixa, poderá ser retirado a cada 15 dias. Basta diluir uma medida do chorume para 10 de água.

Além de eficientes e seguras, as composteiras são grandes aliadas do meio ambiente.

Principais benefícios

  • Produção de adubo sem gasto financeiro e energético;
  • Pode-se reutilizar baldes que seriam descartados;
  • Evita a poluição do solo e das águas subterrâneas;
  • Aumenta a vida útil dos aterros;
  • É acessível e de fácil manuseio;
  • Resgata valores homem-natureza.

Para aqueles que ainda não estão seguros, ou que vivem em um local extremamente pequeno, não se preocupem. Ainda assim, é possível compostar!

Lisboa a Compostar é um projeto da Câmara Municipal de Lisboa de formação em compostagem. Os participantes que têm espaço, recebem um compostor para iniciar o seu processo em casa.

Caso não tenha espaço, pode inscrever-se na compostagem comunitária, que acontece em quatro freguesias: Ajuda, Areeiro, Campolide e Olivais.

Animado para compostar?  Mãos à obra!

Se sobrar um tempinho, partilhe connosco a sua experiência!

Fontes: Zerowastebrasil; Livro Desafio Zero; Programa Lisboa a Compostar; Ecycle; Laboratório de Educação Ambiental; INE- Instituto Nacional de Estatística